segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Às aulas de amanhã

Faz tempo, né? As férias se acabaram e nós voltando a pegar o ritmo dessa carruagem (talvez ainda sem rumo) chamada Ensino Médio.

Hoje li um texto interessante de um cara chamado Ricardo Semler, publicado na Folha. Nas "Aulas de Amy" o autor defende um ensino baseado em temas, fazendo uma oposição a um esquizofrênico, cansado e caótico currículo escolar. Vai da autópsia ao cálculo de quanto um astro da Música Pop pode ganhar em uma vida.

Criticar a organização (ou desorganização) do currículo não é novidade, assim como pensar no aprendizado em cima de eixos temáticos. Embora ainda raros, já existem até materiais didáticos organizados assim.

O problema é que por mais que se tente negar, ainda estamos vivendo sob a égide do vestibular e das provas "qualquer coisa". As formas de avaliar e comparar um sistema de ensino, ou uma escola, com as outras ainda está baseada em números tão sólidos quanto uma pirâmide de açúcar.
É preciso muito cuidado pra não agirmos assim
Nessa roda viva é possível aprender sim, mas ainda é pouco, pois poucos aprendem. O problema pode ainda ser outro: poucos querem aprender. Muitos não entendem por que aprendem, muito menos o que aprendem. E nem se dão conta do por que precisam ficar cinquenta minutos pensando nos biomas brasileiros, pra depois ficarem outros cinquenta seguintes pensando em um campo elétrico uniforme.

Outro problema: quem escreve sobre o ensino, em muitos casos passa longe de uma sala de aula com trinta, quarenta carinhas, em sua maioria não vendo a hora da tortura acabar. É aí que entra o bom professor. Um cara que deve transformar este momento de tortura em algo menos penoso. Ao menos curioso, um pouco interessante, ou nem tanto desinteressante. É o que muitos têm tentado fazer nos últimos anos. Aliás, o que dá pra fazer. Fora isso, precisamos nos revirar na cama pra trazer alguma mudança verdadeira nessa nossa História, nessa nossa Matemática, nessa nossa Arte, nessa nossa Física, nesse nosso Português...
O pior é que eles não estão errados
E não me venha dizer que a solução está na tecnologia, porque não está. Às novas tecnologias cabe, no máximo, fazer a coisa ficar menos desinteressante, mas não mais significativa. Isso quem vai fazer seremos nós todos, seres humanos. Não me venha com essa de que o "ensino à distância vai acabar com o professor", de que "os tablets vão acabar com o livro didático". São apenas novas ferramentas, que devem, é claro, ser bem aproveitadas, mas não a tábua de salvação. Longe disso.

Já pensou que lindo será o dia em que quase tudo o que falamos diariamente em uma sala de aula tenha algum sentido e faça diferença na vida dos jovens? A quantos anos-luz estamos dessa galáxia ainda inexplorada?

Me desculpe o pessimismo, não é do meu feitio. Ainda tenho fé, muita fé.

Boas aulas!

Prof. Fred Zenorini