segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

FÍSICA NO FUSCA - A matéria que foi ao ar no Vanguarda Mix, com Jonas Almeida

Esse cara desafiou a lei da gravidade

O capoeirista Fred
Como capoeirista sou um ótimo professor de Física. Quem assistiu a minha "performance" na TV pôde perceber.

Lembra quando eu estava contando sobre a gravação da matéria para a TV? Pois é. No capítulo "Física para desinteressados", quando pegamos alguns transeuntes "no laço" pra dar algumas aulas pra eles enquanto se exercitavam no Lago do Taboão, conhecemos essa figura (veja fotos a seguir).

Ele...

... e suas Havaianas

"Você gosta da Física?"

"Sim"

"Do que você mais gosta na Física?"

"Abdominais, exercícios..."

Depois desse papo que desafiou as leis da semântica, fui convocado pelo apresentador a fazer uma relação da Física com a capoeira, esporte praticado pelo cidadão em questão. O que me veio à cabeça, foi falar sobre o equilíbrio. Repare em todos os esportes de luta (ou outros) cujo objetivo é manter o corpo equilibrado em pé. Três coisas são fundamentais pra isso: uma boa base, uma boa massa (parece que estou dando receita de bolo...) e deixar essa masssa o mais próxima possível do ponto de apoio (o chão, no caso).

Não é o que você está pensando, só estou falando sobre equilíbrio
Em situações onde corremos o risco de perder o equilíbrio, nosso instinto faz com que caminhemos abaixados (abaixo o CG) e com as pernas mais abertas do que o normal (base maior). Quando você está andando em um lugar escorregadio, em uma trilha cheia de líquens nas rochas (agora virou Biologia), como perto de uma cachoeira, por exemplo, nossa primeira providência é caminhar meio abaixados, certo? Assim aproximamos o nosso centro de gravidade (não confundir com centro de gravidez, que fica em outro lugar) do chão, nosso ponto de apoio em quase todas as situações. Dessa forma fica mais fácil manter o equilíbrio de rotação ou torção (torque neles!) do nosso corpo que invariavelmente está sujeito à força peso. É tudo culpa da Terra!.

Olha o que ele fez em menos de um metro quadrado! Foi quase um "facão" do Guile
À propósito: pense no centro de gravidade (ou de massa, como preferem alguns) como um ponto onde toda massa de um corpo estaria concentrada. É ali que podemos, a fim de simplificar uma situação prática, visualizar a aplicação da força peso.

Observar os lutadores de Sumô e Judô nos dá uma boa noção da aplicação dessas leis da Estática (área da Física que estuda os corpos em equilíbrio). Costumam levar vantagem os que são mais pesados e baixinhos, ou seja, aqueles que tem mais massa perto do chão. Falando nisso, acho que nunca contei que pratiquei Judô por uns dez anos, quase virei faixa preta, mas deixa essa pra outro post...

Beijo

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Da Terra da Linguiça para o mundo - esse é o Física no Fusca!

O "Física no Fusca" está sendo bastante comentado na mídia. Já falei por aqui de uma matéria muito interessante que o Jornal Em Dia (aqui de Bragança) fez sobre o projeto. O site "Portal Bragança" colocou a matéria do jornal na internet. Segue o link:

http://noticias.portalbraganca.com.br/braganca-paulista/231-jornal-em-dia/3099-unindo-a-teoria-a-pratica-professor-desenvolve-projeto-fisica-no-fusca.html


O Trovão Azul e eu, em versão P&B na capa do jornal

A matéria do jornal e da TV também renderam boas fotos, algumas das quais você pode conferir já no novo cabeçalho do blog. Vale destacar a brilhante contribuição artística da minha digníssima futura esposa no trabalho com o Photoshop (não, ela não precisou me deixar mais bonito, sou assim mesmo).

Com essas e com outras, o "bando de loucos que gostam de Física" só tende a aumentar!

É daqui pro Fantástico, pra Science, pro NY Times...

Beijo

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

São tantas emoções...

Como diria o Rei: "são tantas emoções...".


Será que ele gosta de Física?

Ontem meu dia de físico foi recheado de grandes emoções.

De manhã, depois de uma aula no primeiro ano, vi um bilhete em frente à escada do prédio do Ensino Médio onde estava escrito "Follow the corda [sic]". O bilhete estava amarrado em um barbante trançado na escada e parecia seguir assim até o pátio. Minha curiosidade e minha chatice, respectivamente, fizeram com que eu tivesse vontade de seguir o barbante e corrigir a "corda". Escrevi um rope e um wire ao lado e entre parênteses no bilhete.

Fui seguindo o bilhete e vi que, estranhamente, alguns alunos do primeiro ano estavam me incentivando a continuar. Eles me seguiam e me filmavam (?). Parecia que sabiam o que ia acontecer.

Fui parar no pátio e a cada desembaraço do barbante, entre pilares, portas e corrimãos, lia bilhetes que começavam a ter frases "engraçadinhas" que costumo usar nas aulas com eles, como por exemplo: "Vamos por no gráfico?", ou "Que mole atrás de você (em alusão à fórmula do calor latente)". Aí percebi que o negócio era pra mim.

Tive até que subir em um barranco pra desembaraçar o barbante de um coqueirinho que tem lá na escola. Finalmente, quando tinha terminado, estava na quadra. Nela estavam todos os meus queridos alunos do terceiro, autores da "peça" que tinham acabado de me pregar. Cada um deles segurava uma sulfite. Contaram até três e as viraram. Em cada uma estava impressa uma letra que formava a frase: "QUER SER O NOSSO PROFESSOR HOMENAGEADO?" (a formatura deles está chegando, sabe como é).


Alguns dos anjinhos

Obviamente, fiquei muito emocionado, mas eu sou um cara durão, tenho uma reputação a zelar! Comemorei de forma bem máscula! Depois de eles me jogarem pra cima e de eu ter ficado uns instantes deitado no chão curtindo o momento, abracei-os um a um. Formavam uma roda e pediram: "Discurso, discurso, discurso!". Meio que no improviso, fui lembrando do tempo que passamos juntos. Caramba, foi todo o Ensino Médio! Falei sobre a importância de refletirmos e fazermos um balanço quando encerramos ciclos nas nossas vidas. O mais importante é o quanto cada um de nós ia levar de cada um dentro de si pra onde quer que fôssemos. Essa é a maravilha de conviver! Disse a eles o quanto queria que tivessem sucesso e fossem felizes. Foi aí que toda a minha "macheza" foi, literalmente, por água abaixo. Caiu um cisco no meu olho e... eu dei uma choradinha...

Eu...




... mais esse cara = profesor homenageado
Não deu pra evitar, pô! Foram anos de convivência ao lado daqueles trastes! Eu os vi crescer, por dentro e por fora. Em alguns até nasceu barba, pêlos na perna, no sovaco e por aí vai (sem maiores detalhes). E cresci muito com eles também (pena que só por dentro...).

Fiquei muito feliz com a homenagem, queridos! Sejam felizes!

Depois tem mais, vou publicar um trechinho do vídeo que eles fizeram.

Como nem tudo são flores, vou falar também das emoções que vivi em uma tarde de aulas de recuperação. Mas por enquanto, compartilho apenas a minha alegria.


Beijo

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Por que "Física no Fusca"?

Como tudo isso começou?

"Quem aí gosta de Física?"

Cri, cri, cri... (quase todos os professores de Física ouvem grilos depois dessa pergunta).


Será que eles gostam de Física?

Talvez você esteja acessando esse blog pela primeira vez (depois de ver a matéria na TV?) e é por isso que pretendo, por meio deste post, lhe dar algumas explicações sobre o projeto. Vamos lá?

Não gostar de Física já é cultural, é um costume em nossa sociedade. As razões? Não sei se dá pra dizer. Difícil, cheia de contas, fórmulas, números, leis, chata, inútil ("por que estudo isso, meu Deus?"), coisa de louco e todas as outras qualidades que você pode ter pensado. Talvez a culpa (se é que existe um culpado) seja da escola, pois é nela que as pessoas deveriam desenvolver o gosto pelo aprendizado, pelas ciências e (por que não?), pela Física. A Física na escola não pode ser só um amontoado de fórmulas.


Logo do física in gioco

Se é natural as pessoas não gostarem de Fìsica, cabe aos professores de Física fazer alguma coisa, certo? Já dá pra ter uma ideia de como tudo começou...

Tudo começou há um tempo atrás, na Ilha do Sol... digo... tudo começou em uma aula de Termodinâmica. Lá estava eu falando sobre as tais leis de transformação de calor em movimento, quando me ocorreu a ideia de levar os alunos até o meu carro (que não era o Fusca) no estacionamento da escola pra que eles pudessem ver "a coisa funcionando na prática". Quando abri o capô e comecei a explicar, percebi que a reação dos meus jovens pupilos, principalmente das meninas, que via de regra não são muito próximas de motores de carros, era algo em torno de "Caramba...". Depois dessa aula fiquei pensando em como fazer com que eles pudessem ver diversos conteúdos da Física de forma prática, divertida, interativa e coisa e tal.

Como o objetivo era tentar aproximar a Física da realidade dos estudantes e, ao mesmo tempo, mostrar que ela está presente nas coisas mais simples do nosso cotidiano (como um Fusca!), surgiu a ideia de usar um Fusca como laboratório didático-pedagógico de ensino de Física! Foi mais ou menos assim que nasceu o "Física no Fusca".


Termodinâmica neles!

Leis de Newton - ainda antes dos adesivos
A partir daí comecei a pensar e desenvolver ideias pra associar cada parte do Trovão Azul (esse é o nome do meu fusquinha) aos assuntos da Física: leis do movimento, eletricidade, ondas, óptica, termodinâmica e por aí vai.

É claro que essas "aulas práticas" não substituem os exercícios, o estudo matemático e algumas formalidades necessárias ao bom desenvolvimento dos alunos no aprendizado de uma ciência natural, mas funcionam como um bom complemento didático.

E ainda devo dizer que o "Física no Fusca" acaba sendo mais do que simplesmente usar um carro como ferramenta de ensino-aprendizagem. Trata-se de uma concepção de aulas baseada na contextualização dos assuntos da nossa "tão adorada" disciplina. Durante o nosso trabalho, desenvolvo atividades usando assuntos que podem despertar maior interesse nos alunos, como os esportes, a música, as artes plásticas e por aí vai.

Quem sabe assim, em algum lugar do espaço-tempo, num futuro não muito distante, quando um professor de Física perguntar: "Quem aí gosta de Física?" ele possa ouvir um pouco mais do que os grilos...

Muito obrigado pela visita!

Até a próxima!

Beijo

Prof. Fred Zenorini

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Física no Fusca e na mídia

Dentre as ideias que ponho em prática nas salas de aula para melhorar a relação dos alunos com a Física, destaco a que eu chamei de "Física na Mídia". Consiste no seguinte: os alunos devem relacionar uma notícia veiculada em qualquer veículo (pleonasmo!) da mídia (jornais, revistas, sites, TV etc.) à Física e apresentá-la pra sala. É claro que não basta só fazer a leitura, ou apresentar um vídeo, é preciso refletir e comentar a notícia. Estou gostando muito dos resultados desse trabalho. Só pra você ter uma ideia, já passaram pelas salas de aula assuntos que vão desde o futebol (um chute do Roberto Carlos) até a antimatéria (!), graças a esse projeto.


Uma piadinha sobre a antimatéria. Depois eu explico...

É muito bom ver os jovens se aproximando das Ciências, coisas assim dão sentido ao trabalho do professor.

E já que estamos falando da relação da Física com a mídia, o projeto "Física no Fusca" já está dando o que falar! Essa semana saiu uma reportagem no Jornal Em Dia (aqui de Bragança) sobre ele! Foi muito bom ver como a equipe do jornal captou o "espírito da coisa".

Já no próximo sábado, às 11h45, vai ao ar uma matéria que gravamos para a TV Vanguarda (Globo aqui da região) sobre o projeto!

Jonas Almeida, Gatinho (não eu, o cinegrafista), as alunas, o Trovão Azul e eu
Pra você sentir o "gostinho", vou contar uma passagem da nossa tarde de gravação (na última sexta). Depois de termos gravado na escola, com os alunos, fomos até o Lago do Taboão (local tradicionalmente utilizado para práticas esportivas nos finais de tarde aqui na Terra da Linguiça) pra trabalhar um pouco de Física junto aos transeuntes. Numa dessas, duas meninas que passavam por ali com cara de "Me chama" foram abordadas: "Vocês gostam de Física?", perguntou o apresentador (meu amigo Jonas Almeida). "Não", é claro que foi a resposta. "Mas vocês conhecem a gravidade, né?", interpelei-as. "Sim, uma hora tudo cai, né?", elas responderam. "Então por que a Lua não cai na Terra?", perguntei depois dos risos gerais. "Não sei, isso o professor explica". Quem já leu o post "Por que a Lua não cai na Terra" já sabe a resposta e conhece a experiência (quem não leu é só procurar aqui), que foi realizada com uma das minas como protagonista, fazendo o papel de Terra.


Todo mundo conhece a gravidade

Depois de pegar o balde dentro do Fusca e do Jonas enchê-lo com água suja do lago, falei pra menina, porque ainda não sabíamos seus nomes: "Você é a... 'Terra'", ela completou. NÃOOOO! Só queríamos saber o nome da menina, antes dela incorporar "a personagem" Terra... (o nome da menina será preservado por razões circunstanciais)

Desfeito o "mal entendido", ela girou o balde, a água não caiu de dentro dele e provamos, mais uma vez, porque a Lua não cai na Terra.

Viva a Física!

Não se esqueça: Física no Fusca às 11h45, sábado (27/11) no Vanguarda Mix, com Fred Zenorini e Jonas Almeida.


Fred Zenorini e Jonas Almeida em momento Rock'n Roll

Beijo

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Dicas para a Fuvest, Unicamp e outras provas

Passar no vestibular é só o começo...

Não posso deixar de dizer que para se dar bem em qualquer prova, ser um bom leitor é fundamental. E ser um bom leitor significa saber ler nas linhas e nas entrelinhas. O bom leitor identifica informações úteis onde parece que elas não existem. Ter desenvolvido essa habilidade é de suma importância, não só pras provas, mas pra sua vida também.


Se você não for um bom leitor, pode precisar de placas assim

No que se refere às Ciências da Natureza, mais especificamente, você precisa tem claro na sua cabeça o que é ciência, como ela trabalha e como ela se desenvolveu como construção humana. Desde os primeiros observadores e intérpretes do mundo (os filósofos da natureza), algumas coisas mudaram e outras não.

Por exemplo, apesar de todo o avanço tecnológico, a ciência continua se baseando em observações. Curiosidade, necessidade, observação, interpretação, avanço; são palavras que você pode associar ao trabalho científico. Hoje o homem  consegue simular situações e acontecimentos que já aconteceram ou que podem estar pra acontecer, o que pras previsões e investigações da Ciência pode ser muito útil.

Outra coisa que avançou foi a modelagem matemática. No que se refere às suas habilidades de leitura, entra aí também o "matematiquês", idioma que você deve ter um relativo domínio pra poder interpretar as questões das áreas de Ciências. Vale ressaltar aqui que a Matemática, pra Física, é como o Português (ou qualquer língua): uma simples ferramenta. Alô, professores: Matemática é ferramenta e só... rá-rá-rá! E a Química? Uma grande "regra de três"! Rá-rá-rá! É como eu digo pros meus alunos: aprenda a fazer "regra de três" e resolva 50% dos problemas da sua vida e 90% dos problemas da Química... rá-rá-rá!

Brincadeiras à parte, antes que eu seja linchado pelos professores de Matemática e de Química (que é uma sub-área da Física... rá-rá-rá... de novo, eu não resisto!), vou deixar aqui uma dica mais específica pra fazer as questões que envolvem a nossa tão amada disciplina. Em letras garrafais, como diria minha professora de Gramática, Cristina Zappa (que Deus a tenha!): PRESTE ATENÇÃO NAS UNIDADES DE MEDIDA, CABEÇÃO!

Na maior parte das vezes, você não precisa saber as fórmulas, basta prestar atenção nas unidades. Por exemplo, se você não se lembrar como se calcula o momento de uma força. O que fazer?


Calma, calma, não precisa ficar assim...

a) chorar
b) colar
c) deixar pra próxima
d) ver que a fórmula está "nas entrelinhas" da unidade

Se você assinalou "d", acertou! Momento (ou torque) de uma força se mede em newtons por metro (no SI), ou N x m. O que medimos em Newtons? Força. O que medimos em metros? Distância. Neste caso, a "distância" é o "braço" da força, ou a distância da linha de ação da força até o ponto de apoio. Logo, momento = força x distância (braço da força).

Outros exemplos:
velocidade (km/h = quilômetros / hora = distância / tempo)
impulso (N x s = newtons x segundos = força x tempo)
pressão (N/m2 = newtons / metros quadrados = força / área)
intensidade de corrente elétrica (ampere = C/s = coulombs / segundo = carga / tempo)
densidade (g/cm3 = gramas / centímetros cúbicos = massa / volume)


Viu como é fácil?

Esses são só alguns, você pode usar essas relações pras grandezas que quiser! Divirta-se e boas provas!

Beijo

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Enem parte II - E nem falamos das trapalhadas do governo...

Isso é uma vergonha (como diria Boris Casoy, o filósofo)! Não adianta virem me dizer que dentre milhões de provas, apenas alguns milhares tinham problemas de impressão e que apenas alguns alunos foram prejudicados.

Ninguém aqui é sensacionalista, não me chamo Fred "Datena"!

A troca dos cabeçalhos do cartão de respostas da prova de sábado, por exemplo. Isso não aconteceria nem em uma escola de Ensino Fundamental I (como todo respeito a elas)! O que quero dizer é que a coisa é tão grave que chega a não parecer um simples "erro". Teorias da conspiração à parte (do tipo "o homem não pisou na Lua), podemos dizer que existe um imenso jogo de interesses por trás do Exame Nacional do Ensino Médio.

Se o Enem "der certo" como ferramenta de acesso ao Ensino Superior público, por exemplo, a "indústria do vestibular" vai deixar de faturar horrores com ele. Encaixam-se aí os que preparam os vestibulares e os que preparam os estudantes para os vestibulares. É claro que podem surgir por aí (e já estão surgindo) cursinhos especializados em "preparar para o Enem".
Olha aí o Enem...

... sendo engolido por um buraco negro
Acontece que se o Enem "der certo" como ferramenta de análise do papel do Ensino Médio na vida dos jovens e, consequetemente, na formação da sociedade, nossos estudantes não precisarão ser mais "preparados" para fazer o Exame, pois eles já estariam sendo preparados ao longo de todo um Ensino Médio que funciona. Entendeu como  o buraco-negro (será que é assim que se escreve depois do novo acordo?) pode ser muito mais embaixo? Buracos-negros são assim mesmo, nem a luz escapa...

Como diriam musicalmente os Mutantes: "Sabotagem...".
Beijo

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Por que a Lua não cai na Terra?

Perto dali, numa aula de Astronomia em algum lugar do espaço-tempo:

"Professor, se existe a gravidade, por que a Lua não cai na Terra?" (leia com "voz de aluno")
Fases da Lua

É natural quando começamos a estudar o fenômeno da gravidade, pensarmos na possibilidade da Lua cair na Terra, ou da Terra cair no Sol, assim como nós caímos na Terra quando pulamos de cima de uma cadeira, por exemplo. Por que isso não acontece?

Na verdade, é como se a Lua estivesse sempre "caindo" em sua órbita em torno da Terra. Imagine que você joga uma bolinha de cima de um prédio bem alto (ou não... pode ser de cima dos ombros de um coleguinha mesmo). Quanto mais velocidade você imprimir à bolinha, maior será a parábola que ela irá percorrer, mais longe ela irá cair, certo, mano?

Agora imagine que você a joga com uma força tão grande, que ela não cai na superfície terrestre, mas sim "fora" da Terra. Isso faria ela entrar na órbita da Terra. É como se ela nunca parasse de cair, entende? Nesse caso, a força gravitacional faz as vezes de força centrípeta, o que dá à Lua (ou a um satélite, ou à sua bolinha) uma aceleração centrípeta, mudando a direção da sua velocidade o tempo todo.


Inspirada nas ilustrações do próprio Newton!

A experiência fica muito mais legal se você substituir a bolinha por um balde cheio de água. Se você girar o balde e a água não cair, você provou experimentalmente que a Lua não cai na Terra. Fizemos isso numa aula um dia desses. Veja o vídeo!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Enem, nenem! E nem falamos da Física...


Esse é o Enem

Esse é o nenem
Final de semana tenso para meus jovens alunos e para os jovens brasileiros em geral.

Por que tanta tensão? Por que é momento de avaliação. E por que avaliar? Por que é preciso entender. Entender para progredir. Ah, que bom seria se todos os envolvidos (alunos, professores, educadores, ministros, políticos...) entendessem isso de uma vez.

O objetivo principal do Enem é servir como um mecanismo de avaliação para o Ensino Médio. Como estão as nossas propostas? Pra que deve servir o Ensino Médio? Perguntas como essas precisam de instrumentos como o Enem para ser respondidas.

É fato que o Ensino Médio precisa mudar. Muitos o veem como mera transição entre o Ensino Básico e o Superior, outros, o que é muito pior, o veem como mera preparação para "passar no vestibular". Quem vê o Ensino Médio assim corre o risco de se transformar em um "formador de vestibuloides" (no caso das escolas) ou em um vestibuloide propriamente dito (no caso dos alunos), que sabe pouco além de fazer provas e resolver testes.

É claro que o aluno que sai "formado" do Ensino Médio deve saber fazer provas e resolver testes, mas se ele estiver limitado a apenas isso, caminharemos para o fim dos tempos.

Agora o vestibular. Seu fim está próximo, acredito. Por que vestibular? Simplesmente porque existe um maior número de interessados em entrar nas universidades do que o Governo consegue oferecer de vagas. E no caso das universidades públicas, essa relação de interessados/vagas é muito maior.

Nesse caso, o Enem funciona como um substituto do vestibular (pra entrar nas Federais, por exemplo). O que aumenta a tensão. Boa parte dessa culpa eu atribuo a nós professores. Precisamos ainda aprender muito sobre avaliação pra poder trabalhá-la de forma mais coerente e "correta" junto aos alunos. Se os alunos ficam tensos durante uma avaliação, tirando fatores normais de genética, hormônios e tal, é porque nenhum de nós entendeu ainda o processo avaliativo. E essa já é outra história... 

Viu como não sabemos avaliar?

Minhas dicas para os nenens que farão o Enem. Antes de tudo, sejam bons leitores. E isso vale para as duas formas de linguagens que utlizamos: o Português e o "Matematiquês". Saber ler é saber identificar padrões, é saber interpretar dados, é saber o que fazer com as informações. Tabelas, gráficos, textos, equações... Esteja familiarizado com elas. Treino.

Quanto à Física e às Ciências Naturais (que não têm nada de exatas, pelamordedeus!): energia. O mundo gira em torno dela e graças à ela. Todas as "formas de energia" movem a humanidade, o capital, a grana, a bufunfa, o tutu, o dinheiro, a sociedade. As energias estão sempre associadas ao movimento, mesmo que não diretamente, como no caso da cinética, mas também no caso da potencial (energia guardada), que no fim vão se transformar em movimento. As ciências desenvolveram diversos mecanismos pra fazer com que o homem aproveite as diversas formas de energia disponíveis naturalmente: solar, nuclear, eólica, cinética, mecânica, química, elétrica... Conheça bem o tema. Leia os jornais, as revistas, os sites, os blogs. Veja como as notícias, invariavelmente, falam sobre energia.


A chave do sucesso

E por último, se você perder a concentração, descontraia. Leve pra comer um pacote de biscoitos de polvilho bem crocante. Abra o pacote no meio da prova. Mastigue calmamente (mas com vontade) os seus biscoitos. Os seus movimentos faciais e o som, em decorrência da crocância, têm uma grande chance de proporcionar a você uma dose extra de concentração. Café e refrigerantes "de cola" também podem ter esse poder.

E se você ficar muito tenso, pense no seguinte: "vestibular é que nem carnaval: todo ano tem e um dia você vai ter que passar".

Boa prova a todos.


Beijo 





terça-feira, 26 de outubro de 2010

A física dos aviões de papel I - brincadeira de criança

Inspirado neste vídeo, resolvi montar uma aula de Dinâmica (área da Física que estuda as forças, os movimentos e suas causas) usando a "Aerodinâmica dos aviões de papel".

Quem via de longe até achava um pouco estranho aqueles marmanjões (descobri em Ouro Preto que marmanjo é um anjo grande...) do Ensino Médio "brincando" com os aviõezinhos de papel. Mas por trás dessa "brincadeira de criança" (como é bom, como é bom!) estavam conceitos interessantes sobre a interação dos objetos em movimento com o ar e sobre projetos.

Os aviões foram projetados para concorrer em duas categorias: tempo de permanência no ar e maior distância horizontal percorrida. Foi muito legal ver os alunos se envolvendo desde as etapas de pesquisa e projeto dos aviõezinhos até a execução e análise dos lançamentos.



Veja como eles se divertiram e mostraram toda a sua masculinidade
 
As futuras engenheiras aeronáuticas
 
A experiência serviu também para eles terem noções de como trabalham os engenheiros que projetam equipamentos e veículos, por exemplo. Eles também puderam entender melhor como um avião de verdade pode voar, como um carro de Fórmula 1 fica estável a altas velocidades e muito mais!

Enfim, coisas que só o método "Física no Fusca" pode proporcionar.

Beijo

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O frio se conserva?

Sala de aula. Em algum lugar do espaço-tempo, estava eu aplicando o "provão" (espécie de avaliação contendo todas as disciplinas com diversas questões de múltiplica escolha), quando de repente uma aluna tira da bolsa um embrulho de papel-alumínio. Desembrulha-o. O que sai de dentro dele é uma embalagem do tipo "longa vida" de suco com soja (vulgo Ades, pronto, falei!). Diante de minha cara de espanto:

Calma, essa não é a minha aluna.


"Que foi, Fred? Fiz isso pra conservar o frio [sic]."

"Hihihi... Nada mais que risos de minha parte."

Seguiram-se alguns risos gerais.

A inocente afirmação da minha não menos inocente aluna me fez pensar.

Antes, um parênteses: o frio não é grandeza física, não pode ser medido. Os mais afoitos podem até chegar a dizer que ele "não existe". Será? A Física Clássica diz que o frio é uma "sensação". Sensação esta que está relacionada à perda de calor. Espontaneamnte, o calor (energia) é sempre transmitido do corpo de maior temperatura para o menor, basicamente por irradiação (ondas de infravermelho, baby).

Mas será que ele não existe mesmo?

Existe a escuridão?
E o nada, existe?
O que seria da luz se não fosse a escuridão?
O que seria do tudo, ou de qualquer outra coisa, se não fosse o nada?
O que seria do calor se não existisse o frio?
Na ausência total de energia teríamos o que?
Zero absoluto?
Nada de agitação térmica, energia interna, movimento?
Palavras ao vento...
Vento? Que vento?

Curtiu a poesia? Um pouco de filosofia!

Valeu, Luiza!

Beijo

P. S.: veja o vídeo. Ilustra esse papo.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A física da Arte ou a arte da Física?

Ondas. A-DO-RO (entonação São-paulina)!

Muitos acreditam que a Física e a Arte andam juntas. Eu sou um deles. Já fiz muitos trabalhos em sala de aula envolvendo a Física e a Música, por exemplo. Física e fotografia também dão um trampo bonito. Agora, teve um cara que foi além: Ernest Chladni. Alemão, físico e músico, ele realizou um trabalho muito interessante envolvendo ondas sonoras e sal.



As figuras são formadas a partir da vibração de uma placa que fica embaixo de um "vibrador" (calma, não é o que você está pensando!), que pode ser um alto-falante, por exemplo. Frequências diferentes, sons diferentes, figuras diferentes. Curtiu? É como "ver o som"! Repare que enquanto a frequência do som vai aumentando (o som vai ficando mais agudo) padrões diferentes vão se formando.

Como tudo isso é possível? Fenômenos ondulatórios, como: reflexão, interferência, ressonância e ondas estacionárias estão envolvidos. Tempos depois, a experiência ficou conhecida como "figuras de Chladni". Mais detalhes? Breve na aula de Física mais perto de você.

Beijo

P. S.: agradecimentos especiais à Carol, minha "quase-filha". 

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Então é o Fusca que faz a Terra girar!?

Um garoto que tinha acabado de estudar o princípio da Ação e Reação (vulgo terceira lei de Newton) caminha pela rua quando, de repente, avista um Fusca quebrado (certamente não é o Trovão Azul, que é inquebrável!). Ele é chamado para ajudar a empurrar e, educadamente, recusa, dizendo que devido ao pricípio da Ação e Reação, por mais que ele empurre o carro, vai surgir uma reação de sentido contrário e com a mesma intensidade, o que vai anular a sua ação e o carro não vai sair do lugar.

Os donos do carro ficaram sem entender nada e empurraram mesmo assim. Para surpresa do garoto, o carro se moveu. Por que? O garoto estava certo?

Pois é, nada como uma aulinha com o Trovão Azul para esclarecer as coisas.

Ação e reação, nunca - eu disse NUNCA! - irão se anular. Simplesmente porque, embora tenham mesma direção e intensidade, mas sentidos contrários (ou seja, têm tudo pra rolar uma anulação), são aplicadas em corpos diferentes!

"Se o garoto empurra o Fusca, o Fusca empurra o garoto". Simples assim. O mesmo vale para os verbos puxar, tracionar e alguns outros. Repare que quem pratica a ação recebe a reação.

E quanto à velha inércia?


O motor do Trovão Azul transmite o movimento dos pistões para as rodas traseiras. Estas empurram o chão para trás. E a reação? Quem faz é o chão, que empurra o carro pra frente. Atrito, meu velho!
Será então que a Terra gira por causa do "empurrãozinho" do Trovão Azul? Não! Pra nossa querida Terra, que é muuuuuuiiito "massuda" (ou poderíamos dizer "inerciuda"), alguns Newtons de força não são suficientes para alterar o seu estado de movimento. Infelizmente, o Trovão não é a causa da rotação da Terra. Mas então qual é? Cenas do próximo capítulo da Física na sua vida!

Beijo

P. S. Sabe como você faz pra colocar seis alunos do primeiro ano dentro de um Fusca? Cinco atrás e um na frente!

A pior ola da história

Quatro diferentes esportes disputam a origem da ola: hockey, beaseball, futebol americano e futebol. Dos três primeiros, dizem que a ola pode ter surgido no início dos anos oitenta, em torneios disputados no Canadá e nos EUA.

Fato é que a ola só se popularizou mundialmente a partir da Copa do Mundo de Futebol de 86, disputada no México.

Mas o que é uma ola? O que ela tem a ver com a Física?

Trata-se de uma coreografia realizada por espectadores de um evento, que erguem os braços um a um, em movimentos sucessivos perpendiculares à direção da propagação do movimento. É assim que as ondas eletromagnéticas se propagam, são ondas transversais! Portanto, nada melhor do que uma ola pra representar o movimento de uma onda transversal, certo? Não. Quando seus alunos forem como esses aí, você pode até pensar que está diante de alguns tiranossauros-rex, mas de uma onda eletromagnética, nunca!



Zoeira pessoal, vocês foram ótimos!

Beijo

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Os franceses são estranhos...

Em 1998 Roberto Carlos era o melhor lateral esquerdo do mundo. Marcava muito, atacava como nenhum outro e tinha um chute muito potente.

Em 2010, hoje, Roberto Carlos ainda é o melhor lateral esquerdo do mundo. Marca muito, ataca como nenhum outro e tem um chute muito potente. A diferença? É que hoje o cara tá com 37 anos, tem uma forma física de dar inveja a muitos moleques de vinte anos (que coxas... ui!) e joga no meu Coringão!

Voltando a 98. Os franceses tomaram um gol de falta impressionante do Brasil. Tão impressionante que a bola escapa da visão da câmera quando vista de frente, passa a mais de um metro da barreira e acaba entrando no gol, no cantinho! Como isso é possível?

Ocorre que a bola, ao ser chutada, assim como tudo que se movimenta na Terra, interage com o ar (arrrrr, para os leigos). Dependendo da força do chute, da distância até o gol e da forma como ela é chutada (em outras palavras, de como a força foi feita na bola pelo pé do chutador), a trajetória da bola pode sofrer desvios desconcertantes! Por exemplo, quando a bola gira no ar, ela acaba empurrando uma parte do ar "para trás" e, ao mesmo tempo, outra parte do ar "para frente", gerando zonas de alta e baixa pressão ao seu redor. Ação e reação, brô! O ar empurra a bola no sentido contrário do que está sendo empurrado e... o resultado você pode conferir no vídeo. Repare que algumas pessoas que estão atrás do gol chegam a se proteger pensando que a bola irá atingí-los... tsc, tsc.



Ah, e os franceses? Não contentes em tomar o gol, cientistas franceses decidiram estudá-lo e escreveram um artigo analisando a Física desse chute... Vá entender... Bom pra nós, que temos o Roberto Carlos (lindo!) e a Física (maravilhosa)!

Leia o artigo:

http://iopscience.iop.org/1367-2630/12/9/093004

Beijo

P.S.: em breve mais sobre a Física do futebol.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

"Seu Fred" - O eletricista - parte II


Veja minhas habilidades manuais

Tirar o chuveiro foi mais fácil do que pensei - crianças, quando forem fazer isso não se esqueçam de desligar o disjuntor (que serve para proteger o circuito da sua casa... depois eu explico melhor)! O problema foi na hora de abrir o negócio (o chuveiro, no caso). As ferramentas disponíveis eram rudimentares, quase me senti na Idade da Pedra Lascada. Com a sutilieza de quem tenta abrir um coco com a cabeça, tentei, em vão, desencaixar a parte de baixo do chuveiro pra acessar o famigerado resistor, que estava mais resistente do que nunca.


Nessa hora, precisei de uma assessoria. Nada que um cunhado computeiro metido a "prof. Pardal" pudesse fornecer:


CUnhado é pra essas coisas...
"Lú, já trocou resistor de chuveiro?"

"Claro"

"Pois é, tô trocando um agora. Ou melhor, tentando trocar. O bagulho fica em cima ou embaixo?"


"Embaixo. Tem que tirar a parte por onde sai a água. Espero que você esteja fazendo isso com o chuveiro no seu colo."

"Sim, sim. Mas o negócio não abre."


"É difícil mesmo. Depois que você abrir, vai ter uma outra tampa. Nessa tampa vai ter um fio encaixado. Retire essa tampa pra acessar o resistor. Aí é só desconectar o resistor dos terminais, encaixar o novo e pronto!"

"Tá. Valeu, Lú"

O problema é que começou a escurecer. Consegui abrir o chuveiro. Acessei o resistor, que continuou resistindo, não saía nem a pau. "Meu reino por um alicate", pensei. "Quer saber? Vou deixar o chuveiro aberto aqui e continuo o serviço amanhã. Um banhinho frio não vai fazer mal à mamãe."


Também sou do bando de loucos
Dia seguinte, a mãe já tinha comprado um chuveiro novo e, é claro, não tinha curtido muito o serviço pela metade. Instalei o chuveiro - com o disjuntor desligado! - deixei passar um pouco de água até ligar a energia, como manda o figurino. E todos foram felizes para sempre... Principalmente meus queridos alunos, que acabaram ganhando um chuveirinho pra estudarem resistores, corrente elétrica, tensão, potência...

Valeu, mãe!

Beijo

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

"Seu Fred" - O eletricista - parte I

Por telefone:

"Filho, você pode dar um jeito no chuveiro lá de casa?"

"O que aconteceu, mãe?"

"Acho que a resistência queimou. Precisa trocar."


Resistor de chuveiro do tipo "Lorenzetti"

Resistor de chuveiro do tipo "Corona"

"Mãe, você sabe que eu não sou muito bom nessas coisas. Além de ter preguiça até de trocar lâmpadas. Mas tudo bem, vou tentar dar um jeito."

"Brigada, filho!"

"De nada, mãe. Mas, à propósito, o certo é 'trocar o resistor', não a 'resistência'. Resistência [medida em Ohms, homenagem a Georde Ohm] é o nome da grandeza física relacionada à dificuldade oferecida pelos dispositivos elétricos à passagem da corrente elétrica. Se eu trocar a resistência do seu chuveiro, vou alterar a corrente que passa por ele e, consequentemente, a potência dissipada. Você pode não gostar do resultado, pois a água não vai esquentar do mesmo jeito e..."

"Chega, filho, já entendi. Você vai poder fazer esse favor pra mamãe?"

"Tea with me, ma! Ou in portuguese: 'chá comigo, mãe!'"


Como tudo começou...

Continua...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Orientação vocacional

Em algum lugar do espaço-tempo, perto dali, no meio de uma aula de correção e discussão da prova bimestral:

"Fred, como você ia na escola? Você ficava de recuperação?" (perguntaram-me alguns desses seres, que habitam a foto a seguir, o que desencadeou uma longa conversa sobre profissão e vocação)

Você confiaria o mundo nas mãos desses caras?

"Não, nunca fiquei. Minha única nota vermelha no colégio foi em Religião. Fiquei com 3,0 de média porque não quis fazer um trabalho da professora Neusa (que Deus a tenha!). Mas uma vez, já na faculdade, tirei zero numa prova de Resistência dos Materiais"

"Caramba! Mas você não tinha estudado, ou fez tudo errado?"

"Fiz tudo errado [risos gerais]. E ainda teve uma vez que 'tomei pau' em uma matéria de quarta à tarde porque decidi ficar jogando Fifa (do PS1) com os meus amigos [mais risos gerais]"

"E seus amigos da faculdade? Teve algum que ficou rico, se deu muito bem?"

"O que é ser rico?"

"Ah, Fred, não venha com esse papo! Ser rico, ganhar bem, pô!"

"O que é ganhar bem?"

"Uns R$ 20 mil"

"Acho que ainda não. Mas devo ter muitos amigos da faculdade ganhando uns R$ 10 mil."

"E você?"

"Eu sou professor, né? [mais risos gerais] Em compensação, gosto muito do que faço"

"Você ganha bem?"

"Mais do que eu preciso, menos do que eu mereço" (adoro essa resposta!)

Conclusão?

Veja como sou um professor respeitado.

A Fisica não está só na Física. Ação e reação. Escolhas e consequências. Escolher é perder? E o resto? Dá pra voltar atrás? Assim é a nossa vida. Ganhar dinheiro ou fazer o que gosta? Fazer o que gosta, sem sombra de dúvidas. Se fizer bem feito, mais dia, menos dia, vai ganhar muito dinheiro. Não fazer o que gosta implica em... não fazer o que gosta. O que pode ser pior do que isso?

Beijo

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A Astronomia e o Skank


Vou confessar: a minha banda nacional preferida é o Skank. Eu gosto muito das bandas independentes, mas, pra mim, o negócio tem que ser amplo, tem que atingir a grande mídia. Sei que é preciso vencê-los, que a grande mídia é controlada pelo capital e blá-blá-blá, contudo, nem tudo que atinge a grande mídia é porcaria. É possível fazer boa música, fazer boa Educação, fazer bons filmes sem se "render totalmente às tendências do mercado". Tudo isso só pra eu falar que gosto do Skank... nossa como eu sou complicado... não é à toa que sou professor de Física...

Enfim, o disco mais legal do Skank se chama "Cosmotron". Na minha modesta opinião, é o que tem os melhores arranjos, é o mais roqueiro, o mais "beatleniano" e o que possui as maiores relações com a Física. Como assim? Skank e Astronomia? É, eu viajo.

Na minha "viagem" (e todo ouvinte, leitor, telespectador tem direito a isso, a ser um co-autor) as letras, as melodias e os arranjos são bem "espaciais". Isso sem falar no nome do disco: COSMO(tron). A primeira faixa se chama "Supernova". Sabe o que é uma supernova? Curto e grosso? É uma estrela explodindo bastante e emitindo muita radiação, muita luz, muita energia. Veja o refrão:

"No universo das paixões
Amor assim é supernova
Certeiro na veia, da carne
Da alma, na carne d'alma"

Aqui os autores (Samuel Rosa e Fausto Fawcett) fazem um paralelo entre a "intensidade" da supernova e do amor que estão vivendo. Me senti o professor de Português agora!

Já na segunda faixa, "As noites":

"E lá no céu constelações
Num arranjo inusitado
O seu nome desenhado
Pelo menos tinha essa ilusão"

Esse negócio de ver formas nas constelações é muito antigo, começou com os Incas e influencia a nossa cultura até hoje. Os nomes dos signos do Zodíaco vêm daí, dos nomes das constelações, na verdade. Tudo bem que aí já começa a Astrologia...

Sem contar o maior hit do disco, "Dois Rios", que tem uma mãozinha do Lô Borges:

"O céu está no chão
O céu não cai do alto
É o claro é a escuridão"

"O Sol se põe e vai
E após se pôr
O Sol renasce no Japão"

Pois é, não fossem os avanços da Ciência, da Física e da Astronomia, teríamos tudo pra continuar pensando como Ptolomeu, que achava que tudo girava em torno da Terra. Afinal, tomando a Terra como referencial, vendo tudo daqui a olho nú, temos exatamente essa impressão. Depois vieram Copérnico, Kepler, Newton e outros caras que provaram que as coisas não eram bem assim. Mas já são cenas do próximo capítulo da Física na sua vida, baby.

Beijo