terça-feira, 26 de outubro de 2010

A física dos aviões de papel I - brincadeira de criança

Inspirado neste vídeo, resolvi montar uma aula de Dinâmica (área da Física que estuda as forças, os movimentos e suas causas) usando a "Aerodinâmica dos aviões de papel".

Quem via de longe até achava um pouco estranho aqueles marmanjões (descobri em Ouro Preto que marmanjo é um anjo grande...) do Ensino Médio "brincando" com os aviõezinhos de papel. Mas por trás dessa "brincadeira de criança" (como é bom, como é bom!) estavam conceitos interessantes sobre a interação dos objetos em movimento com o ar e sobre projetos.

Os aviões foram projetados para concorrer em duas categorias: tempo de permanência no ar e maior distância horizontal percorrida. Foi muito legal ver os alunos se envolvendo desde as etapas de pesquisa e projeto dos aviõezinhos até a execução e análise dos lançamentos.



Veja como eles se divertiram e mostraram toda a sua masculinidade
 
As futuras engenheiras aeronáuticas
 
A experiência serviu também para eles terem noções de como trabalham os engenheiros que projetam equipamentos e veículos, por exemplo. Eles também puderam entender melhor como um avião de verdade pode voar, como um carro de Fórmula 1 fica estável a altas velocidades e muito mais!

Enfim, coisas que só o método "Física no Fusca" pode proporcionar.

Beijo

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O frio se conserva?

Sala de aula. Em algum lugar do espaço-tempo, estava eu aplicando o "provão" (espécie de avaliação contendo todas as disciplinas com diversas questões de múltiplica escolha), quando de repente uma aluna tira da bolsa um embrulho de papel-alumínio. Desembrulha-o. O que sai de dentro dele é uma embalagem do tipo "longa vida" de suco com soja (vulgo Ades, pronto, falei!). Diante de minha cara de espanto:

Calma, essa não é a minha aluna.


"Que foi, Fred? Fiz isso pra conservar o frio [sic]."

"Hihihi... Nada mais que risos de minha parte."

Seguiram-se alguns risos gerais.

A inocente afirmação da minha não menos inocente aluna me fez pensar.

Antes, um parênteses: o frio não é grandeza física, não pode ser medido. Os mais afoitos podem até chegar a dizer que ele "não existe". Será? A Física Clássica diz que o frio é uma "sensação". Sensação esta que está relacionada à perda de calor. Espontaneamnte, o calor (energia) é sempre transmitido do corpo de maior temperatura para o menor, basicamente por irradiação (ondas de infravermelho, baby).

Mas será que ele não existe mesmo?

Existe a escuridão?
E o nada, existe?
O que seria da luz se não fosse a escuridão?
O que seria do tudo, ou de qualquer outra coisa, se não fosse o nada?
O que seria do calor se não existisse o frio?
Na ausência total de energia teríamos o que?
Zero absoluto?
Nada de agitação térmica, energia interna, movimento?
Palavras ao vento...
Vento? Que vento?

Curtiu a poesia? Um pouco de filosofia!

Valeu, Luiza!

Beijo

P. S.: veja o vídeo. Ilustra esse papo.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A física da Arte ou a arte da Física?

Ondas. A-DO-RO (entonação São-paulina)!

Muitos acreditam que a Física e a Arte andam juntas. Eu sou um deles. Já fiz muitos trabalhos em sala de aula envolvendo a Física e a Música, por exemplo. Física e fotografia também dão um trampo bonito. Agora, teve um cara que foi além: Ernest Chladni. Alemão, físico e músico, ele realizou um trabalho muito interessante envolvendo ondas sonoras e sal.



As figuras são formadas a partir da vibração de uma placa que fica embaixo de um "vibrador" (calma, não é o que você está pensando!), que pode ser um alto-falante, por exemplo. Frequências diferentes, sons diferentes, figuras diferentes. Curtiu? É como "ver o som"! Repare que enquanto a frequência do som vai aumentando (o som vai ficando mais agudo) padrões diferentes vão se formando.

Como tudo isso é possível? Fenômenos ondulatórios, como: reflexão, interferência, ressonância e ondas estacionárias estão envolvidos. Tempos depois, a experiência ficou conhecida como "figuras de Chladni". Mais detalhes? Breve na aula de Física mais perto de você.

Beijo

P. S.: agradecimentos especiais à Carol, minha "quase-filha". 

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Então é o Fusca que faz a Terra girar!?

Um garoto que tinha acabado de estudar o princípio da Ação e Reação (vulgo terceira lei de Newton) caminha pela rua quando, de repente, avista um Fusca quebrado (certamente não é o Trovão Azul, que é inquebrável!). Ele é chamado para ajudar a empurrar e, educadamente, recusa, dizendo que devido ao pricípio da Ação e Reação, por mais que ele empurre o carro, vai surgir uma reação de sentido contrário e com a mesma intensidade, o que vai anular a sua ação e o carro não vai sair do lugar.

Os donos do carro ficaram sem entender nada e empurraram mesmo assim. Para surpresa do garoto, o carro se moveu. Por que? O garoto estava certo?

Pois é, nada como uma aulinha com o Trovão Azul para esclarecer as coisas.

Ação e reação, nunca - eu disse NUNCA! - irão se anular. Simplesmente porque, embora tenham mesma direção e intensidade, mas sentidos contrários (ou seja, têm tudo pra rolar uma anulação), são aplicadas em corpos diferentes!

"Se o garoto empurra o Fusca, o Fusca empurra o garoto". Simples assim. O mesmo vale para os verbos puxar, tracionar e alguns outros. Repare que quem pratica a ação recebe a reação.

E quanto à velha inércia?


O motor do Trovão Azul transmite o movimento dos pistões para as rodas traseiras. Estas empurram o chão para trás. E a reação? Quem faz é o chão, que empurra o carro pra frente. Atrito, meu velho!
Será então que a Terra gira por causa do "empurrãozinho" do Trovão Azul? Não! Pra nossa querida Terra, que é muuuuuuiiito "massuda" (ou poderíamos dizer "inerciuda"), alguns Newtons de força não são suficientes para alterar o seu estado de movimento. Infelizmente, o Trovão não é a causa da rotação da Terra. Mas então qual é? Cenas do próximo capítulo da Física na sua vida!

Beijo

P. S. Sabe como você faz pra colocar seis alunos do primeiro ano dentro de um Fusca? Cinco atrás e um na frente!

A pior ola da história

Quatro diferentes esportes disputam a origem da ola: hockey, beaseball, futebol americano e futebol. Dos três primeiros, dizem que a ola pode ter surgido no início dos anos oitenta, em torneios disputados no Canadá e nos EUA.

Fato é que a ola só se popularizou mundialmente a partir da Copa do Mundo de Futebol de 86, disputada no México.

Mas o que é uma ola? O que ela tem a ver com a Física?

Trata-se de uma coreografia realizada por espectadores de um evento, que erguem os braços um a um, em movimentos sucessivos perpendiculares à direção da propagação do movimento. É assim que as ondas eletromagnéticas se propagam, são ondas transversais! Portanto, nada melhor do que uma ola pra representar o movimento de uma onda transversal, certo? Não. Quando seus alunos forem como esses aí, você pode até pensar que está diante de alguns tiranossauros-rex, mas de uma onda eletromagnética, nunca!



Zoeira pessoal, vocês foram ótimos!

Beijo

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Os franceses são estranhos...

Em 1998 Roberto Carlos era o melhor lateral esquerdo do mundo. Marcava muito, atacava como nenhum outro e tinha um chute muito potente.

Em 2010, hoje, Roberto Carlos ainda é o melhor lateral esquerdo do mundo. Marca muito, ataca como nenhum outro e tem um chute muito potente. A diferença? É que hoje o cara tá com 37 anos, tem uma forma física de dar inveja a muitos moleques de vinte anos (que coxas... ui!) e joga no meu Coringão!

Voltando a 98. Os franceses tomaram um gol de falta impressionante do Brasil. Tão impressionante que a bola escapa da visão da câmera quando vista de frente, passa a mais de um metro da barreira e acaba entrando no gol, no cantinho! Como isso é possível?

Ocorre que a bola, ao ser chutada, assim como tudo que se movimenta na Terra, interage com o ar (arrrrr, para os leigos). Dependendo da força do chute, da distância até o gol e da forma como ela é chutada (em outras palavras, de como a força foi feita na bola pelo pé do chutador), a trajetória da bola pode sofrer desvios desconcertantes! Por exemplo, quando a bola gira no ar, ela acaba empurrando uma parte do ar "para trás" e, ao mesmo tempo, outra parte do ar "para frente", gerando zonas de alta e baixa pressão ao seu redor. Ação e reação, brô! O ar empurra a bola no sentido contrário do que está sendo empurrado e... o resultado você pode conferir no vídeo. Repare que algumas pessoas que estão atrás do gol chegam a se proteger pensando que a bola irá atingí-los... tsc, tsc.



Ah, e os franceses? Não contentes em tomar o gol, cientistas franceses decidiram estudá-lo e escreveram um artigo analisando a Física desse chute... Vá entender... Bom pra nós, que temos o Roberto Carlos (lindo!) e a Física (maravilhosa)!

Leia o artigo:

http://iopscience.iop.org/1367-2630/12/9/093004

Beijo

P.S.: em breve mais sobre a Física do futebol.