segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Por que você gosta de alguém? (A Física explica)

Nessa vida tudo que mais interessa é conviver. Estamos aqui pra isso, nada é mais importante. Tudo que fazemos é um pretexto pra convivermos uns com os outros: família, trabalho, escola, casamento, amigos. Tudo.

Nessas e outras, conhecemos e convivemos com pessoas das mais variadas. Com umas por obrigação, com outras, por opção. O mais divertido é que muitas vezes a obrigação vira opção. O mais tenso é que algumas vezes a opção vira obrigação.

Lendo isso você pode estar pensando: "o que a Física tem a ver com isso, Fred?". Eu digo, sim, a Física pode explicar nossos relacionamentos bem e mal sucedidos. Quer ver?

O que dizer quando você conhece alguém e logo de cara sente uma coisa boa? Você pode dizer "fui com a cara dele!". E quando você topa com alguém e pensa: "não gostei da energia da fulana"?. É minha cara, meu caro, ir ou não com a cara de alguém passa por um fenômeno ondulatório chamado ressonância.

Se você esteve acordado durante pelo menos uma aula de Eletrostática sabe que uma carga positiva atrai uma negativa e vice-versa. Por que elas se atraem? Por que a interação entre os campos elétricos gerados por essas cargas é favorável. Podemos dizer que esses campos se complementam. Veja uma representação:
Representação de um campo elétrico ao redor de cargas positiva e negativa
Se você esteve acordado em pelo menos uma aula de Química, sabe que um átomo é formado por cargas positivas e negativas e que as moléculas são formadas por átomos. O que nos leva a crer que somos um amontoado de partículas eletricamente carregadas. Se uma carga elétrica gera um campo, pode-se dizer que ao nosso redor, devido ao amontoado de partículas, pode existir um campo, gerado pela soma dos campos de cada partícula. Vale lembrar que quando uma carga muda de posição no espaço, esse campo se altera. E elas vivem mudando de posição! É por essas e por outras que também podemos dizer que o que os esotéricos/ meta-físicos/ religiosos podem chamar de "vibração", nós podemos chamar de onda eletromagnética: uma perturbação em um campo elétrico e em um campo magnético que se propaga pelo espaço. Ufa!
Representação de uma perturbação eletromagnética que se propaga (vulgo onda eletromagnética)
Imagine agora uma criança em um balanço e que você quer balançá-la cada vez mais alto. O que fazer? Você pode empurrá-la de qualquer jeito, na hora em que quiser, ou existe um momento certo para dar o empurrão? Se você respondeu que existe uma hora certa pra empurrar, você, sem querer, entende o conceito de ressonância, que é um fenômeno ondulatório observado quando duas vibrações de mesma frequência se encontram na hora certa o que, como na criança no balanço, faz com que o sistema oscile com uma amplitude maior.
Empurre na hora certa
Nesses casos a "soma energética" pode ser percebida de diversas maneiras: um violão produzindo um som forte, uma taça produzindo um som agudo com água dentro, uma criança balançando cada vez mais alto e... duas pessoas se gostando, por que não?

Aquela sensação boa de estar perto de quem se gosta pode ser uma questão de Física! Esqueça o "não rolou uma química entre nós". Para as pessoas se gostarem é preciso que haja "uma Física entre elas"! As vibrações que consideramos "boas" ao encontrar alguém querido, aquela sintonia que existe entre os casais, pode ser explicada pela emissão de "vibrações, campos ou ondas" que se complementam, aumentando a amplitude das vibrações do conjunto.

Uma pessoa querida é capaz de gerar um campo tão intenso à sua volta que ela se torna irresistível (não no sentido sexual da coisa; sem malícia, por enquanto), quase não conseguimos sair de perto dela tamanha a atração que sentimos. Já pensou que o barato da vida pode ser conseguirmos gerar esse campo para que nossa presença seja agradável para o maior número de pessoas possível? Pense nisso...

Quando convivemos com um grupo de pessoas, como uma classe, por exemplo, sabemos que teremos uma etapa a cumprir. O Ensino Fundamental, o Ensino Médio, o Ensino Superior, são exemplos de ciclos que temos a concluir nessa vida. A convivência, neste caso, começa como uma obrigação. Quase todos os dias da semana você é forçado a conviver com o pessoal daquela turma. Muitas coisas podem acontecer. Você pode ser um facilitador de coisas boas. Você pode causar uma perturbação agradável ao seu redor. Você pode entrar em ressonância com as boas vibrações da turma. Aí, meu querido, coisas incríveis podem acontecer...

Como exemplo, cito as que aconteceram (e acontecem) entre uma das minhas turmas mais queridas e eu: o "Terceirico" (apelido carinhoso que eles mesmos criaram):
Olha eles aí (o de roxo não é repetente, é o professor Beto, de Matemática)
Sim, entramos em ressonância.

Sim, nossos campos se complementaram.

Sim, nos atraímos.

Entretanto, é hora de um daqueles ciclos que falei se encerrar: é formatura. Mas não tem problema nenhum, porque a Física também diz que uma vez "parceiras", duas partículas sentirão a influência uma da outra por todo o tempo. Se é assim com os elétrons, tem que ser com a gente também! Portanto, estaremos juntos para sempre, pois nossos campos eletromagnéticos são infinitos.

Claro que a relação professor-alunos nem sempre é um mar de rosas. Algumas turmas nos dão mais trabalho, outras menos. De minha parte, porém, posso dizer que me dedico de corpo e alma a todas elas com a intensidade que aquelas jovens cabeças merecem!

Sucesso a todos os meus queridos alunos formandos, de todas as escolas que trabalho.

Que vocês amem e sejam amados.

E que sejam felizes!

Nada mais importa...

Beijo

Fred

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Montanha Russa na sala - isso é que é Física!

Não conseguiu levar os seus alunos pra estudar Física na montanha russa do Hopi Hari? Não mora perto do Playcenter? Seus problemas acabaram!

Se a sala de aula não vai à montanha russa, a montanha russa vai à sala de aula:


Estudar energia mecânica e suas transformações na montanha russa é mais clássico do que Corinthians e Palmeiras, mas que a aula pode ficar mais divertida fazendo uma montanha russa virtual, isso pode!

Parabéns aos meus alunos do primeiro ano pela atuação... digna de Oscar!

Beijo

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

"Nunca vou usar a Física na minha profissão!"

"Deus me livre da Física!"

Frases como essas devem passar pela cabeça de muitos estudantes quando termina o Ensino Médio. Tem até gente que escolhe a profissão pensando em nunca mais estudar a "mardita".

Pobre professor de Física... seu trabalho consiste, entre outras coisas, a convencer diariamente as pessoas de que a Física pode fazer bem a elas. Desenvolve o raciocínio, melhora as conexões e as argumentações, desenvolve as formas de linguagem, expande a compreensão de mundo e... dá muito o que falar.

Tanto dá o que falar que essa semana recebi a grata notícia de que uma ex-aluna minha, que hoje está fazendo Jornalismo (nada a ver com a Física?), escreveu um artigo sobre... Física (Astronomia, mais precisamente). 

Já pensou você, que decidiu estudar comunicação, ser convidado a escrever sobre Ciência? E aí? Vai chorar porque dormiu nas aulas de Física, Química e Biologia? Pode ser, mas no caso da Gabi Colicigno, não. Ela esteve bem acordada e deu no que deu:

Analisando gráficos enviados pela Missão Kepler, os usuários procuram os planetas em seus micros / Meg Schwamb
Qualquer um pode ser um astrônomo
Pense bem ao se esconder da Física quando for decidir pelo seu futuro profissional. Pode ser que ela te encontre...

Parabéns, Gabi!

Beijo


terça-feira, 1 de novembro de 2011

A Física do funk e do Aerosmith

"Em algum lugar do espaço-tempo, perto dali, um professor de Física usa a Música para despertar o interesse de seus queridos alunos pela Física..."

Essa aula é sempre muito divertida
Ninguém resiste à Física e Música
Não dá negar que a Física está por todo lado. No caso da Música então... ela está tanto no "Funk da Bundinha" (que eles insistem em ouvir sem o bendito fone!), quanto na mais bela canção do Aerosmith (como Dream on, que tive o prazer de ouvir ao vivo no último domingo).

Pra produzir um som musical, basta colocá-lo dentro de um contexto. Neste caso, uma simples batucada pode fazer toda a diferença. No caso dos instrumentos de corda, os famosos cordofones, basta que tenhamos uma corda tensionada (a tensão pode variar conforme o som que se deseja produzir) e uma caixa de ressonância. Um violão é um exemplo disso:
O corpo do violão é o amplificador do som
Você pode construir um cordofone em casa e explorar as várias possibilidades sonoras que ele oferece. Você só precisa de uma caixa de isopor, madeira, ou mesmo plástico, pra funcionar como "corpo" do seu instrumento, e de cordas que podem ser amarradas em torno da caixa. Um material que dá um som muito legal é "tripa de mico" (que eles usam pra apertar o nosso braço na hora de tirar sangue), mas também dá pra usar bexigas fininhas de escultura, ou até elásticos de dinheiro.

O som produzido vai depender do quanto você vai deixar a corda menos tensa (mais grave) ou mais tensa (mais agudo).

Divirta-se!

Beijo

Fred

sábado, 15 de outubro de 2011

A soma das partes e o todo (ou contrariando a lei de Lavoisier)


Eu, professor Fred Zenorini, venho por meio desta desejar a você, eterno estudante, um feliz dia. 

Aliás, felizes dias. 

Felizes são os dias em que você pode parar e pensar: “hoje aprendi uma coisa nova”. 

Não existe bem maior do que o aprendizado. Ninguém pode tirá-lo de você e se você o distribuir, ele se multiplica de forma tal que a soma das partes é muito maior que o todo. 

Um exemplo? 

Eu e você temos dez reais cada um. Se eu te der cinco reais, você ficará com quinze e eu com cinco (e como é difícil para um professor juntar dez reais...). 

Já se eu souber dez coisas e você outras dez, e discutirmos sobre essas dez coisas, ensinando-as um ao outro, cada um de nós, ao final do processo, saberá vinte coisas. 

Feliz dia!

Beijo

Esse é o Lavoisier
E essa é a sua lei

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A Física em prol da emancipação feminina

"Sou uma frágil donzela, fraquinha, indefesa e o pneu furou! E agora!?"
Se não fosse a Física ela estaria perdida...

Seus problemas acabaram: deixe com a Física!

Tirar o parafuso de uma roda de carro nem sempre é uma tarefa fácil. Eles precisam estar bem apertados para as rodas não escaparem, questão de segurança, sabe como é...

As ferramentas criadas pelo homem com a ajuda da Física são várias. As mais antigas chamamos de "máquinas simples", que oferecem vantagem mecânica (ou seja, facilitam a sua vida quando você tem que colocar alguma coisa em movimento) sem necessariamente um aparato "eletro-térmico-magnético" muito complicado. Quer exemplos? Polias, roldanas, fios, cordas, mancais, moinhos, alavancas... ah, as alavancas...

Quando você precisa fornecer rotação ou torcer alguma coisa (o caso do parafuso da roda é um belo exemplo) é preciso considerar não só a força a ser exercida, mas o que a Física chama de "braço da força", ou a distância entre o força a ser feita e o ponto fixo em torno do qual a coisa irá girar. Entra em cena nessa hora a grandeza momento (ou torque) de uma força, que mede a capacidade dessa força causar um giro, que depende do tal "braço da força".

Simples assim: Momento = Força x braço (no sistema internacional: M = N x m; F = N; braço = m)

Voltando à donzela... Não tem força suficiente para causar o momento necessário para girar o parafuso? Não dá pra aumentar a força no braço? Aumente o braço da força! Carregue consigo um extensor da sua chave de roda e se livre de uma vez da dependência em relação aos homens!
Repare no braço da força maior

Vitória, Bruninha!

Mulherada, em nome da Física, emancipem-se!

Beijo


terça-feira, 20 de setembro de 2011

Esportes, transportes e leis de Newton

Penso que uma forma bastante interessante de fazer meus alunos se interessarem em aprender mais é propor seminários. Nada muito complicado, basta levantar informações sobre o tema, preparar uma apresentação interessante, seja na forma de slides, ou vídeo, relacionar com o que estamos estudando e compartilhar com os colegas o aprendizado.

Recentemente teve um tema que empolgou bastante os alunos: as relações existentes entre alguns esportes olímpicos (que cada grupo pôde escolher) e determinados meios de transporte (de carrinhos de bebê a foguetes espaciais) com as famosas leis da Mecânica (de Newton).

Atividades como essa acabam servindo para que os alunos trabalhem diversas habilidades e competências, como a de trabalhar em equipe; estabelecer relações entre os conteúdos estudados e a vida real; comunicação oral e escrita; além de poderem falar sobre temas que eles costumam gostar bastante e já ter certa proximidade, como o futebol, o basquete, carros, motos etc.

Alunos que costumam passar boa parte do tempo das aulas expositivas inquietos, costumam surpreender bastante no momento de realizar uma apresentação como essa. Um desses meus alunos, por exemplo, aproveitou que o avô e o tio são velejadores, entrevistou os caras pra levantar informações para o trabalho, construiu uma maquete de um barco à vela e até levou um ventilador para demonstrar como a coisa toda funcionava.
O barquinho, o ventilador e o autor da façanha, o Pedro, à direita
São situações como essas que tornam o árduo trabalho do professor uma tarefa muito gratificante.

É isso.

Beijo


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

"Fulano nasceu virado pra Lua..."

Eis que a Física também pode explicar os ditos populares.

Numa dessas aulas, em algum lugar do espaço-tempo, estava eu conversando com os alunos sobre gravidade e gravidez... Estranho, né? Na verdade, não falávamos sobre gravidez, mas sim sobre a influência que a Lua exerce sobre os mais diversos fenômenos na Terra, das marés aos partos. Sim, os partos!

A gravidade está em tudo... tudo que tem massa

Parece meio meta-físico o fato da Lua influenciar no nascimento das pessoas, mas durante a resolução de uma questão, chegamos a interessantes conclusões.

O campo gravitacional dos corpos se deve à suas massas. Quanto mais distante do corpo, menos intenso o campo gravitacional que, na verdade, nunca se anula, mas tende a zero quando a distância do ponto ao corpo que origina o campo tende ao infinito. Enfim...

O campo gravitacional na superfície da Lua é cerca de 1/6 do campo gravitacional na superfície da Terra. Fato. A distância da Lua até a Terra é de cerca de 380.000 quilômetros, o que dá, aproximadamente, 200 raios lunares. Isso significa que a gravidade da Lua, na superfície terrestre, é 40.000 vezes menor do que a gravidade da Lua na superfície da Lua, segundo a Lei da Gravitação Universal de Newton.



Imagine um bebê entre a Lua e a Terra
Se a gente imaginar que um bebê nasce na superfície terrestre, ele nasce influenciado pela interação gravitacional entre ele a Terra. Sim, a Terra puxa o bebê. Se o bebê estiver "virado pra Lua", a Lua vai puxar o bebê, com sua gravidade. Como eu já disse, a gravidade da Lua na superfície da Terra é bem menor, mas não dá pra negar que ela dá uma forcinha pro nascimento da criança!
Este bebê foi tão atraído que grudou na Lua
É isso.

Beijo

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

"Vou ter que ir pro mar?!"

Em algum lugar do espaço-tempo, perto dali, um professor propõe aos seus alunos uma experiência envolvendo os conceitos de densidade, massa específica, pressão hidrostática e empuxo. Os alunos deveriam realizar a experiência em casa e produzir um pequeno relatório descrevendo o processo, suas observações e conclusões. Eis a lista de materiais necessários:

Ovo
Água muito salgada
Cubo de gelo
Água com corante (tipo pó pra refresco)
Óleo

Uma das alunas, após ler a lista de materiais, diz indignada (e séria):

"Meu... onde vou arranjar água salgada?! Vou ter que ir pro mar?!"
Será que ela já realizou a experiência? (retirado do blog "confesso que...")

Pois é... coisas que só um professor de Física pode ouvir.

Tá, o professor era eu, mas o nome da aluna vou manter em segredo. Quem aí não conhece alguém capaz de dizer uma coisa dessas?

Sofre, professorrrrr!

Beijo



segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Gravidade Zero (Conrado e Aleksandro) - meta-física, meta-poesia, meta-música...

Um dos significados do prefixo grego "meta": mudança. Será essa a proposta da dupla Conrado e Aleksandro? Mudanças na Física, na Música e na Poesia concreta-abstrata-neo-expressionante?!

Na procura por algum material na "internê" que pudesse trazer alguma graça às minhas aulas de Lei da Gravitação Universal, deparei-me, absolutamente sem querer, com esta pérola recente da Música Popular Sertaneja Universitária de DP. É isso mesmo, de DP, porque escrevendo uma letra dessas, que farei questão de analisar, só tomando pau em Física, bixo.

O clipe começa bem, com as cenas do "home" pisando na Lua e você pensa: "que massa, sertanejos que sabem Física!". Calma, isso é só o começo. Vamos ao refrão:

"Eu me sinto na gravidade zero
te espero, te quero todo dia
fada amada me leva pro seu mundo
profundo da sua alegria"

Deus, por que colocar a pobre gravidade nesses versos?! Coloque qualquer coisa no lugar da "gravidade zero" e veja como pode ficar bom:

eu me sinto na cova do cemitério
eu me sinto como se fosse o deutério 
eu me sinto na casa do seu Rogério

...e por aí vai.

E esse papo de gravidade zero? Isso existe mesmo? Não, não, não! Segundo seu Zé Newton, o que rola é a atração entre as massas. Quanto maiores as massas, maior a atração mútua entre elas, na razão inversa de sua distância ao quadrado. Ou seja, quanto mais longe, menos atração. Se você for pra bem longe da Terra, não vai ficar na tal "gravidade zero", pois ela pode ficar menor, mas não desaparecer. Isso sem contar que você, dependendo de onde estiver, vai sofrer a influência do campo gravitacional de outros corpos, como a Lua, Marte, Vênus, um côco, sei lá...

O que faz a gente pensar na gravidade zero é um lance que a Física chama de imponderabilidade. É simples: se você está dentro de uma coisa, como um elevador, um avião, uma nave, uma sonda, ou uma casa, que cai na Terra, você e a coisa (a nave, por exemplo) caem da mesma forma, logo, não é possível sentir o seu próprio peso. Essa é a sensação de "gravidade zero" que se tem dentro de uma estação espacial que está em órbita em torno da Terra, pois os astronautas e a nave estarão sujeitos à força gravitacional da Terra que faz papel de centrípeta e os faz ter uma órbita circular. Voltemos à canção...

No primeiro verso depois do refrão inicial:

"Eu já estava chorandinho de amar
Quem quer distribuir paixão na rua..."

Tente digitar chorandinho em algum texto. Nem o Word aceita! Eis a forma verbal que deve ter sido criada em Minas:  "gerúndio diminutivo". Outros exemplos que você pode usar de vez em quando: digitandinho, escrevendinho, rindinho, correndinho, comendinho... Ah, e o que isso tem a ver com quem quer distribuir paixão pela rua?

Logo a seguir:

"No seu céu flutuei
Abalou minha estrutura"

Amigo, ou você flutua, ou a sua estrutura é abalada. As duas coisas ao mesmo tempo não dá!

O pré-refrão foi muito pra mim. Confesso que não consegui entender o que é um "amor fino semi-literal". Veja você mesmo:

"Amor fino semi-literal contra a força gravitacional
E a gente contempla o céu debaixo do chapéu"

Por que não mudar o sentido do seu "amor fino e semi-literal(?!)" e colocar a favor da força gravitacional? Dá mais jogo. Pra baixo todo santo e a gravidade ajudam! Falando na força gravitacional, olha ela aí:

Também é preciso tomar cuidado ao "contemplar o céu debaixo do chapéu", afinal, ele é um corpo opaco e não vai deixar vocês contemplarem nada, pois a luz não vai atravessá-lo...

Pra finalizar:

"Acordar sem saber me despertar
Fada, Lua, minha estrela cadente"

Essa é uma prova de que essa mulher deve ser mesmo "de outro mundo". Um mundo onde as fadas e as estrelas cadentes existem. O que você viu, caro Aleksandro, enquanto se inspirava para escrever esta bela canção, na melhor das hipóteses era um meteoro incandescente caindo na Terra e em atrito com os nossos gases atmosféricos, daí a luz que acabam emitindo. E a Lua? Pobre Lua...

Você viu quanta Física se pode discutir ouvindo a sua música preferida? Valeu Conrado! Valeu Aleksandro!

Pense nisso!

Beijo




segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Às aulas de amanhã

Faz tempo, né? As férias se acabaram e nós voltando a pegar o ritmo dessa carruagem (talvez ainda sem rumo) chamada Ensino Médio.

Hoje li um texto interessante de um cara chamado Ricardo Semler, publicado na Folha. Nas "Aulas de Amy" o autor defende um ensino baseado em temas, fazendo uma oposição a um esquizofrênico, cansado e caótico currículo escolar. Vai da autópsia ao cálculo de quanto um astro da Música Pop pode ganhar em uma vida.

Criticar a organização (ou desorganização) do currículo não é novidade, assim como pensar no aprendizado em cima de eixos temáticos. Embora ainda raros, já existem até materiais didáticos organizados assim.

O problema é que por mais que se tente negar, ainda estamos vivendo sob a égide do vestibular e das provas "qualquer coisa". As formas de avaliar e comparar um sistema de ensino, ou uma escola, com as outras ainda está baseada em números tão sólidos quanto uma pirâmide de açúcar.
É preciso muito cuidado pra não agirmos assim
Nessa roda viva é possível aprender sim, mas ainda é pouco, pois poucos aprendem. O problema pode ainda ser outro: poucos querem aprender. Muitos não entendem por que aprendem, muito menos o que aprendem. E nem se dão conta do por que precisam ficar cinquenta minutos pensando nos biomas brasileiros, pra depois ficarem outros cinquenta seguintes pensando em um campo elétrico uniforme.

Outro problema: quem escreve sobre o ensino, em muitos casos passa longe de uma sala de aula com trinta, quarenta carinhas, em sua maioria não vendo a hora da tortura acabar. É aí que entra o bom professor. Um cara que deve transformar este momento de tortura em algo menos penoso. Ao menos curioso, um pouco interessante, ou nem tanto desinteressante. É o que muitos têm tentado fazer nos últimos anos. Aliás, o que dá pra fazer. Fora isso, precisamos nos revirar na cama pra trazer alguma mudança verdadeira nessa nossa História, nessa nossa Matemática, nessa nossa Arte, nessa nossa Física, nesse nosso Português...
O pior é que eles não estão errados
E não me venha dizer que a solução está na tecnologia, porque não está. Às novas tecnologias cabe, no máximo, fazer a coisa ficar menos desinteressante, mas não mais significativa. Isso quem vai fazer seremos nós todos, seres humanos. Não me venha com essa de que o "ensino à distância vai acabar com o professor", de que "os tablets vão acabar com o livro didático". São apenas novas ferramentas, que devem, é claro, ser bem aproveitadas, mas não a tábua de salvação. Longe disso.

Já pensou que lindo será o dia em que quase tudo o que falamos diariamente em uma sala de aula tenha algum sentido e faça diferença na vida dos jovens? A quantos anos-luz estamos dessa galáxia ainda inexplorada?

Me desculpe o pessimismo, não é do meu feitio. Ainda tenho fé, muita fé.

Boas aulas!

Prof. Fred Zenorini

terça-feira, 14 de junho de 2011

Bilionários por acaso: uma história de sexo, dinheiro e traição à Física

Já comentei por aqui diversas vezes o quanto fico puto com os erros cometidos pela mídia em geral quando o assunto é a nossa amada Física. É Globo, é Fantástico, é Hollywood, é jornal, é comercial, enfim... a lista é interminável...

É impressionante como os veículos de comunicação de massa, principalmente a TV, exercem uma influência brutal sobre a sociedade, sobre as pessoas, sobre os jovens e, infelizmente, sobre os meus queridos aluninhos.

O professor (eu, no caso) rala pra trabalhar os conceitos físicos com seus pupilos, vem a TV, um filme, um comercial ou um livro (o que motivou essa postagem) e estraga tudo!

Vamos ao "erro da vez". Sabe aquele livro que inspirou o filme "A Rede Social" sobre a criação do Facebook? Então, ele foi escrito por um cara chamado Ben Mazrich e se chama "Bilionários por Acaso - A Criação do Facebook: uma história de sexo, dinheiro, genialidade e traição". Eu não li o livro, mas a minha filha de número 4 leu e disse que é muito bom (como diria titio Sílvio Santos). Zoeira - lógico - o que aconteceu, na verdade, é que minha querida aluna Fabi (beijão prela) do terceiro ano do IEST apresentou como seu trabalho de "Física na Mídia" um erro de Física grotesco neste livro.


Leia você mesmo a versão original (em inglês) e a versão traduzida para o Português:

Imagens extraídas do blog "Física na veia"

Até meus alunos que dormiram nas aulas do primeiro não teriam escrito essa bobagem! Massa vezes velocidade é equivalente à quantidade de movimento de um corpo, e não à força a que está submetido! Segunda lei de Newton, pô! "Força, meu amor":
A resultante das forças que agem num corpo é igual à sua massa vezes a aceleração que adquire. Simples?

Agora imagine que esse livro passou por, pelo menos, duas revisões: uma para a edição original e uma pra tradução em Português. Será que nenhum responsável pela revisão lembrou de suas aulas de Física Básica!?

AHHHHHHHHHHHH!

Física é vida! Quem sabe Física é mais feliz (ou não)!

Beijo
 

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Foguete de canudinho

Quem aí sabe como divertir uma sala de primeiro ano de Ensino Médio numa aula de Física?

Uma das formas é pedir pros caras fazerem um foguetinho de canudinho. Eles se divertiram muito nessa aula! Voltaram à infância!

Eu, particularmente, acho isso muito importante. Não é porque os estudantes estão crescidinhos que o aprendizado tem que deixar de ser divertido. Veja as crianças do Ensino Infantil, elas adoram ir à escola! Por que? Porque a escola é divertida quando eles estão nessa fase. As professoras são criativas e, pras crianças, aprender é algo natural, não é forçado. É um processo espontâneo! O universo adora processos espontâneos!


Qualquer semelhança com o Chaves é mera coincidência

Mariana fazendo pose de estudiosa

Enfim, nesta atividade (que foi originalmente proposta pela equipe que organiza a Olimpíada Brasileira de Astronomia - OBA), meus jovens alunos puderam vivenciar e experimentar em um projeto as leis básicas do movimento: ação e reação, inércia, proporcionalidade entre força e aceleração... Isso sem contar a parte da cinemática: lançamento vertical e oblíquo, queda livre...

Resumindo, nos divertimos e aprendemos muito. É assim que deve ser!

Beijo

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O doce de leite e a Termodinâmica - parte II

Como eu sou um professor do tipo que "mata a cobra e mostra o pau" (no bom sentido, é claro), meus alunos e eu realizamos a "experiência culinária" do doce de leite na panela de pressão. Foi tudo muito divertido e os alunos puderam, mais uma vez, vivenciar na prática aquele conteúdo que estava lá "estático" em suas apostilas. É incrível como uma aula prática traz vida ao ensino/aprendizagem!

É claro que nem tudo são flores. Eu descolei uma panela de pressão gigante e um fogão industrial pra usarmos no laboratório, afinal, eram mais de 30 alunos na sala e eu pedi pra cada grupo de cinco alunos trazerem uma lata. Pra cozinharmos todas de uma vez sem problemas, precisávamos de uma fonte térmica bem potente (daí o fogão industrial) e um recipiente bem grande (a panela de pressão profissa). Advinha quantas latas os "anjinhos" trouxeram? UMA! Isso mesmo: uma lata. Resultado: cozinhamos UMA mísera lata de leite condensado dentro de uma panela de pressão de quinze litros!

Veja como eles foram "econômicos"


Tudo bem, o importante é ter saúde...

Brincadeiras à parte, costumo dizer que em aulas como essas, os alunos acabam usando os cinco sentidos: veem a aula, ouvem a aula, sentem o cheiro da aula, tocam a aula e comem a aula. Facilita ou não o aprendizado?

Resumo da panela

Porque aumenta a pressão lá dentro = choque das moléculas de água agitadas no estado de vapor com as paredes da panela. Maior temperatura, maior agitação, mais choques.

Porque o alimento cozinha mais rápido = a temperatura de ebuilição da água é maior do que 100º Celsius no interior da panela de pressão. Temperatura maior, cozimento mais rápido.

Porque isso acontece = o aumento da pressão faz com que as moléculas de água que ainda estão no estado líquido sejam "forçadas" a continuar assim. É por isso que necessitam de uma quantidade de energia ainda maior para mudar de estado.

Por que a panela não explode = a válvula na tampa vai liberando pouco a pouco o vapor d'água. Se não fosse assim, a panela viraria uma bomba. Graves acidentes podem acontecer numa cozinha. Cuidado!

Isso aí na minha mão é a tampa da válvula
Beijo 

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Física na cozinha I - como fazer doce de leite usando a Termodinâmica

Você sabia que a sua cozinha também é um laboratório de Física? Pois é. Quer aprender a fazer um doce de leite (ou dulce de leche, pra ficar mais chique) aplicando seus conhecimentos de Física Térmica? Anote ai!

Você vai precisar de:

1 lata de leite condensado (de qualquer marca)
1 panela de pressão (em bom estado)
Água de torneira
Uma fonte térmica
Conhecer as relações entre as váriáveis de estado de uma substância (pressão, volume e temperatura)
Quem não conhece a Palmirinha? Imagine ela te dando aula de Física?
Modo de fazer:

Coloque a lata de leite condensado fechada e sem rótulo dentro da panela. Coloque a água de torneira dentro dela o suficiente pra cobrir a lata. Leve-a ao seu fogão, que fará às vezes de fonte térmica. Ligue o fogo e aguarde uns 40 min, tempo suficiente pra pegar pressão, conzinhar o leite condensado e você pensar um pouco: por que a panela de pressão cozinha mais rápididamente?

Qual é a temperatura de ebulição da água? 100º C , você deve ter pensado. Cuidado! Essa temperatura só vale quando a pressão é a chamada "pressão normal", ou seja, 1 atm, a nível do mar.

Quando a água começa a passar para o estado de vapor, sua temperatura não muda, pois a energia está sendo usada para quebrar as interações intermoleculares. Resumindo: a temperatura de mudança de estado de uma substância pura é constante.

Imagine isso acontecendo no interior de uma panela de pressão. Ela é feita de um material que pode ser considerado indeformável para situações domésticas, certo? Isso quer dizer que ocorre um aquecimento da água a volume constante lá dentro. Quando as moléculas começam a se desprender e passar para o estado de vapor, ficam super agitadas com o aquecimento, começam a colidir mais violentamente com as paredes do recipiente (a panela, no caso) e a pressão lá dentro vai aumentando (não à toa ela se chama "panela de pressão", fiote!). Dessa forma, as moléculas que ainda estão agrupadas na fase líquida são meio que "forçadas" a continuar nesse estado, o que faz com que necessitem de uma quantidade de energia maior para que isso aconteça.

Se você entendeu tudo direitinho, deve ter concluído o seguinte: dentro da panela de pressão a temperatura de ebulição da água acaba sendo maior do que os 100º C do lado de fora, por isso ela cozinha os alimentos mais rapidamente!

Agora você já pode cantar a musiquinha de carnaval:

"Comprei uma panela de pressão
Só pra ver se eu cozinho mais depressa..."
(cantando fica mais legal que lendo, sinta o trocadilho!)

Advertência: se você é do tipo "newba total", cuidado! A panela de pressão pode ser muito perigosa pra você. Neste caso, é melhor pedir ajuda pra mamãe. Graves acidentes também podem acontecer se a válvula da sua panela estiver entupida, pois aí a pressão lá dentro vai ficando cada vez maior, os gases não vão ter como escapar e... BUMMMM! Sim, vai rolar uma explosão, a tampa vai pelos ares e você pode se machucar de verdade.

Tirando essa parte trágica, se tudo der certo, você agora pode estar saboreando o seu doce de leite (cuja lata só deve ser aberta depois de fria (você pode colocar debaixo da torneira). Ah, só abra a panela também depois de fria!

Bom apetite

Qualquer dia desses eu mando mais "receitas do Tio Fred".

Beijo

terça-feira, 3 de maio de 2011

Itaipu e o desgraçado que inventou a Física

O que você pode esperar quando um professor de Física visita uma usina hidrelétrica? E se essa usina for umas das construções mais fantásticas já realizadas pela humanidade?! Piração total, né? Pois é, não dá pra esperar outra coisa...

Esse aí sou eu
"Mas, professor, pra que serve a Física? Por que que eu estudo isso, meu Deus?! Ah, se eu pego o desgraçado que inventou esse negócio de Física..."

Que atire o primeiro ponto material em lançamento oblíquo o professor de Física que nunca ouviu pelo menos uma dessas frases ao longo de sua árdua missão.

Se você, aluno desinteressado, desencanado, ou vagabundo mesmo, conhecesse uma obra como Itaipu, jamais duvidaria do "poder da Fisica".

Ela está por toda parte, desde a estrutura de sustentação das barragens, em "forma de catedral" para "minimizar" os efeitos da gravidade, até na maravilha instigante que é a transformação de Energia Mecânica em Energia Elétrica.

Repare como a inclinação da estrutura lembra uma igreja

É aqui que o milagre acontece
Perto de coisas como essas, não tem como você não perceber a importância dessa nossa área do conhecimento, que é a base de todas as Engenharias.

Depois de ouvir frases como essas das minhas queridas alunas "patricinhas", que preferem lixar as unhas a prestar atenção numa aula de Eletrodinâmica, ou dos meus alunos futuros "Ronaldinhos Gaúchos" (que acham que não precisam estudar porque já sabem jogar bola), costumo dizer que se não fosse a Física, todos eles teriam vindo a pé pra escola, ou teriam tomado um banho gelado ao acordar (se é que daria pra ter tomado um banho). Apesar de passar um pequeno nervoso, sei que isso tudo não é culpa deles. Se vivêssemos em uma sociedade mais bem organizada, ou se escola como um todo fosse estruturada de forma diferente, enfim...

Fato é que uma de minhas maiores preocupações como professor de Física são esses alunos. Como convencê-los da importância do conhecimento científico? Digo a eles próprios que é esse o desafio que me move, e que lhes sou muito grato por isso.

Tá, já filosofei demais... Em breve, vou postar mais fotos e comentários sobre a minha visita a maior hidrelétrica do mundo (sim, já sei, você vai dizer que é Três Gargantas. E eu vou dizer que não... aguarde).

Beijo

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Cerveja em queda livre

Em algum lugar do espaço-tempo, perto dali, um professor propôs um trabalho para os seus alunos... Tá, fui eu de novo...

Pedi pra que eles encontrassem por aí vídeos cujo conteúdo tivesse alguma relação com a Física, e que o analisassem de acordo com as leis da nossa querida disciplina. Um dos trabalhos mais legais acabou sendo o da nova propaganda da Skol - aquela que mostra os caras se atirando do avião atrás da caixa de cerveja. Veja:
Os caras se jogam do avião e eu fiz a meus queridos aluninhos (que só poderão beber depois dos 18 anos) algumas perguntas:

- Que forças agem nos caras antes e depois de se atirarem do avião?
- Como eles fizeram pra alcançar a caixa?
- Existe algum "erro físico" cometido pelo comercial?

Antes de se atirarem do avião, podemos considerar que agem sobre os caras as forças peso e normal (aquela que sempre faz noventa graus com a superfície de contato). Pode-se dizer que os caras estão em equilíbrio (pelo menos em relação ao avião)? Sim.

Depois que se jogam, deixa de agir a força normal e entra a resistência do ar na jogada, que pode muito bem ser analisada como uma força que atua no sentido contrário ao movimento ou tendência dele. Neste caso, fica interessante, pois, quanto pode valer a força de resistência do ar? Pois é, dizem os físicos que ela depende, grosso modo, do formato do corpo e de sua velocidade. Aliás, ela aumenta conforme a velocidade. É claro que existem alguns formatos mais aerodinâmicos, que "furam o ar" com mais facilidade do que outros. Aí você pode pensar no formato dos carros atuais, dos carros de corrida, dos aviões etc. Todos feitos pra "furar" bem o ar.

Reparou em como os "cervejeiros mergulhadores" fazem pra alcançar o santo líquido dourado? Adquirem um formato parecido com a frente de um carro de corrida, ou o bico de um avião, ficando, assim, mais "aeordinâmicos".

Legal também perceber que, depois disso, o vídeo nos dá a entender que a cerveja e os caras caem com velocidade constante, ou seja, ficam em equilíbrio. O que isso significa? Que as forças que agem sobre eles todos se anulam, o que implica que a resistência do ar e o peso têm o mesmo valor. Lembra que a força de resistência do ar cresce com a velocidade? Pois é...

Dizem os cálculos da Física que a velocidade limite de queda de um paraquedista (antes de abrir o paraquedas) é de cerca de 200 km/h. Legal, né?

Meus alunos me disseram que nunca mais vão ver comerciais do mesmo jeito... Viva a Física!

Beijo

P.S.: se for dirigir ou estudar Física não beba!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A propaganda é a alma (ou a desgraça) do negócio chamado Física

Se tem uma coisa que me deixa puto é ver alguma coisa atrapalhando a Educação das nossas crianças e jovens. Não é tarefa fácil trabalhar com Educação. Trata-se de um processo longo e complexo que envolve diversos fatores. Não é meu objetivo agora ficar discutindo todos os obstáculos que podem se interpor entre meus alunos e o conhecimento. Vou me ater a apenas um deles: a mídia.

Ano passado bolei um projeto que chamei de “Física na Mídia”, onde meus alunos poderiam pesquisar sobre qualquer assunto que tenha sido tratado pela mídia que tivesse alguma relação com a Física e discuti-lo com a sala. Nessa, tivemos desde a análise de um chute do Roberto Carlos contra a França em 97, até a possível descoberta do bóson de Higgs (possível razão para a existência da massa das coisas). Foi muito legal!

Só que nem toda a Física (ou ciência) que “sai na mídia” é tratada de forma correta. Me lembro de um programa do Fantástico (acho que foi em 2005 ou 2006) que foi falar sobre a molécula de água e colocou em tela inteira, no horário nobre do domingo, uma fórmula estrutural representando dois átomos de oxigênio ligados a um de hidrogênio! Aí você se lembra da boa e velha H2O e fica em dúvida se foi seu professor de Química ou a Globo quem errou. Fiquei indignado na época e comentei com os meus alunos: “Quantas pessoas que assistiram aquilo teriam condições de analisar se estava certo ou errado?”.

Esse ano vou trabalhar com eles a “Física na Mídia – versão propaganda”. É muito comum as peças publicitárias recorrerem a conceitos científicos para passar a sua mensagem. Vejamos um exemplo:
Imagine toda a energia da sua corrida inteirinha pra você

Aqui os caras usaram a ideia da restituição energética depois de uma colisão entre o solo e o sistema de amortecimento do tênis de forma correta e muito interessante. Trabalharam direitinho o conceito de energia. Tudo bem, sem muitos detalhes sobre a colisão, se é parcialmente elástica, por exemplo, mas tudo bem. Os caras estão só fazendo uma propaganda. Mas não é por isso que precisam passar a ideia errada na cara dura!

Veja essa:

Um dos erros mais comuns dos estudantes (e das pessoas de uma forma geral) é confundir os conceitos de força e energia. Este anúncio é um claro exemplo disso. Veja como é fácil: força não se tem, força se faz. Pronto! Pra falar em força você precisa ter sempre dois corpos envolvidos, um pra fazer e outro pra receber a força (é claro que quem recebe também faz – ação e reação! – mas isso já é outra história). Já com a energia é diferente. Você pode dizer tranquilamente que um corpo contém energia. Aí sim, não existe dependência alguma em relação ao outro corpo. Pegue uma tabela nutricional, por exemplo, e você verá o valor energético do que você vai ingerir.

Dê uma olhada ao seu redor e perceba o quanto a mídia, com suas notícias e propagandas, pode colaborar (ou não) para a Educação.

Beijo  

segunda-feira, 28 de março de 2011

Resistores eu estudo aqui!

Continuando com a série "musiquinhas pra memorizar", dessa vez eu pedi ajuda para o meu amigo Roberto Carlos. Quem não conhece a bela "Jesus Cristo" do Rei?

Tenho conversado bastante com meus colegas professores e com meus alunos perguntando-lhes a opinião a respeito de usar músicas no estudo de determinado conteúdo. As opiniões são muito variadas. Eu mesmo, confesso, ainda não tenho uma opinião plenamente formada a respeito. Penso que o problema é quando o aluno pensa que basta "decorar" a letra da música e tudo bem. Dessa forma, ele pode achar que é preciso decorar fórmulas e conceitos para "se dar bem" na Física.

Por outro lado, os alunos se divertem muito com as paródias! E na minha opinião, é muito importante que a construção do conhecimento seja divertida. Se os conceitos forem bem trabalhados durante as aulas, uma musiquinha pode ajudar a "firmar" as ideias na cabeça. Quem sabe engajar os alunos na composição das paródias, depois de terem estudado um assunto, não seja uma via para eles sedmentarem melhor as ideias?

Enfim, para ajudar a formar a minha e a sua opinião sobre isso tudo, segue a minha versão de Jesus Cristo, intitulada "Jesus Cristo e os resistores":

Jesus Cristo e os resistores
(Música: Roberto Carlos. Letra: Prof. Fred Zenorini)

Harmonia: (Em        G         Bm      Am)

Resistores, resistores
Resistores eu estudo aqui

Resistores, resistores
Resistores U é R vezes i

Olho pro fio e vejo uma nuvem de elétrons que vai passando
É a corrente elétrica que os resistores vão dificultando

Conto com a tensão pra manter as cargas em movimento
Divido pela corrente e a resistência eu obtenho

Resistores, resistores
Resistores eu estudo aqui

Resistores, resistores
Resistores U é R vezes i
Se o resistor é ôhmico a resistência é sempre igual
Ela depende do comprimento, de sua área e do material

U é R vezes i que “não resiste à rola” eu não vou repetir
George Ohm que inventou a história não brigue comigo eu não tô mais aqui!

Resistores, resistores
Resistores eu estudo aqui

Resistores, resistores
Resistores U é R vezes i

quarta-feira, 23 de março de 2011

Conto uma onda no mar (Lulu Santos, Nelson Motta e Fred Z)


Nada do foi será de novo do jeito que já foi um dia! Pois é, a partir de agora vou usar meus "dotes de compositor" (isso mesmo, compositor) em prol da Física!

Todo mundo conhece a música do Lulu, né? Acontece que hoje de mahã vi que os alunos ficaram super empolgados com umas musiquinhas (daquelas que nos ajudam a memorizar certos conceitos) que a professora Tássia de Biologia (beijo pra ela!) tinha mostrado pra eles.

Confesso que não sou muito a favor de somente decorar as coisas (e acho que nenhum professor deve ser), mas penso que um pouco de memorização pode ajudar, principalmente na hora do vestibular.

Portanto, senhoras e senhores, sem mais delongas, apresento a minha versão de "Como uma onda" do Lulu. Com vocês, da série "Musiquinhas para decorar a Física", com cifras e tudo, "Conto uma onda":

Conto uma onda (na Física)
Prof. Fred Zenorini

A
Nem mais um ponto será
                    C#m                         A
De novo do jeito que já foi um dia
            A                          Cdim              Bm   F#7
A onda passa, oscilando sempre, passará


           Bm               F#7
A energia vem em ondas
                  Bm         B7
Não só no mar (ar, ar, ar, ar)
            B7            E7      F       G
No universo infinito


A
O período é o tempo que só é
                      C#m                     A
Igual ao que você viu há um segundo
                    A                       Cdim            Bm      F#7
Tempo é período e a frenquencia eu mudo (ô, Ô)

F7
É só inverter a razão
         A                       A#dim    Bm    C#m      Dm
E o comprimento eu vejo agora      quando

F                   G            A
Conto uma onda no mar
F                   G            A
Conto uma onda no mar

A
Espaço e tempo dão velocidade
                            C#m
Igual ao que estudei no MRU
          A                         Cdim
A diferença é que pras ondas
      Bm      F#7
Espaço é lambda

                A 
Onda mecânica é a que vibra o meio
                  C#m
Eletromagnética é diferente (olha a luz!)
                
A                                          Cdim        Bm    F#7
Por isso o som não se propaga no vácuo

F7                                                 A                      
Velocidade é o lambda pelo período
              A#dim    Bm    C#m   Dm
Ou vezes a frequencia


F                   G            A
Conto uma onda no mar
F                   G            A
Conto uma onda no mar