segunda-feira, 11 de abril de 2011

A propaganda é a alma (ou a desgraça) do negócio chamado Física

Se tem uma coisa que me deixa puto é ver alguma coisa atrapalhando a Educação das nossas crianças e jovens. Não é tarefa fácil trabalhar com Educação. Trata-se de um processo longo e complexo que envolve diversos fatores. Não é meu objetivo agora ficar discutindo todos os obstáculos que podem se interpor entre meus alunos e o conhecimento. Vou me ater a apenas um deles: a mídia.

Ano passado bolei um projeto que chamei de “Física na Mídia”, onde meus alunos poderiam pesquisar sobre qualquer assunto que tenha sido tratado pela mídia que tivesse alguma relação com a Física e discuti-lo com a sala. Nessa, tivemos desde a análise de um chute do Roberto Carlos contra a França em 97, até a possível descoberta do bóson de Higgs (possível razão para a existência da massa das coisas). Foi muito legal!

Só que nem toda a Física (ou ciência) que “sai na mídia” é tratada de forma correta. Me lembro de um programa do Fantástico (acho que foi em 2005 ou 2006) que foi falar sobre a molécula de água e colocou em tela inteira, no horário nobre do domingo, uma fórmula estrutural representando dois átomos de oxigênio ligados a um de hidrogênio! Aí você se lembra da boa e velha H2O e fica em dúvida se foi seu professor de Química ou a Globo quem errou. Fiquei indignado na época e comentei com os meus alunos: “Quantas pessoas que assistiram aquilo teriam condições de analisar se estava certo ou errado?”.

Esse ano vou trabalhar com eles a “Física na Mídia – versão propaganda”. É muito comum as peças publicitárias recorrerem a conceitos científicos para passar a sua mensagem. Vejamos um exemplo:
Imagine toda a energia da sua corrida inteirinha pra você

Aqui os caras usaram a ideia da restituição energética depois de uma colisão entre o solo e o sistema de amortecimento do tênis de forma correta e muito interessante. Trabalharam direitinho o conceito de energia. Tudo bem, sem muitos detalhes sobre a colisão, se é parcialmente elástica, por exemplo, mas tudo bem. Os caras estão só fazendo uma propaganda. Mas não é por isso que precisam passar a ideia errada na cara dura!

Veja essa:

Um dos erros mais comuns dos estudantes (e das pessoas de uma forma geral) é confundir os conceitos de força e energia. Este anúncio é um claro exemplo disso. Veja como é fácil: força não se tem, força se faz. Pronto! Pra falar em força você precisa ter sempre dois corpos envolvidos, um pra fazer e outro pra receber a força (é claro que quem recebe também faz – ação e reação! – mas isso já é outra história). Já com a energia é diferente. Você pode dizer tranquilamente que um corpo contém energia. Aí sim, não existe dependência alguma em relação ao outro corpo. Pegue uma tabela nutricional, por exemplo, e você verá o valor energético do que você vai ingerir.

Dê uma olhada ao seu redor e perceba o quanto a mídia, com suas notícias e propagandas, pode colaborar (ou não) para a Educação.

Beijo  

2 comentários:

  1. http://www.tweetnovela.blogspot.com/ já viu, fred? tem uma tweet novela de química, mas o livro vai ser MUITO bom.

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  2. Vou dar uma olhada, Gabi. Depois te conto o que achei.

    Valeu

    Beijo

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