quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O "canudão" do carnaval (Física de bar - parte I)

Esse ano fui passar o carnaval com os amigos em Minas Gerais. Em Delfim Moreira, mais precisamente. Cidade de mulheres muito bonitas e caras muito parceiros. De verdade.

Estava eu conversando em um bar local e, digamos assim, "fazendo graça", ou "tentando impressionar" os meus novos amigos com algumas "lendas da Física". Disse a eles que um canudo (desses de refrigerante) não poderia ter mais do que cerca de um metro, já que os nossos pulmões não conseguiriam causar a diferença de pressão suficiente para tirar o ar de dentro do canudo para o líquido subir empurrado pela pressão da atmosfera. Pra falar a verdade, só o fato do líquido subir empurrado pelo ar de fora, e não "puxado pela boca" já os deixou impressionados. Viva a Física!

Mas não é que uma das meninas levou a história a sério e, enquanto me distraí, foi juntando os canudos, colocou-os dentro de um copo no chão (sim, ficou maior que um metro) e conseguiu fazer o líquido subir!?

Pois é, fiquei impressionado. Pelo sim, pelo não, vou repetir a experiência e pesquisar sobre a diferença de pressão que conseguimos causar com os pulmões (já li que pode ser cerca de 10.000 Pa). De qualquer forma, não deixa de ser uma boa história. Contudo, com um canudão como o da foto aí não deve dar.
Vai uma aguinha poluída aí?


Alguém se habilita?




sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Coisas que só o carnaval e a Física podem nos proporcionar

Era pra ser só mais uma aula de Mecânica, mais precisamente Hidrostática. No meio de uma explanação sobre os experimentos de Torricelli para explicar a pressão atmosférica (a velha história do tubo cheio de mercúrio e o "horror ao vácuo"), recebo uma "proposta" de continuar a aula fantasiado e... deu no que deu:
Fred Aranha, Fred Aranha, muita Física e pouco apanha
Fred Fada, Fred Fada, continue assim e eu não aprendo nada
 Bom carnaval, pessoal!

Beijo

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Qual a velocidade de uma pessoa?


100 km/h? 900 km/h? 108.000 km/h?

Dependendo do referencial ou do veículo, qualquer uma dessas respostas pode estar certa. Se estivermos falando da "nave-mãe-Terra", por exemplo, a última pode ser a mais adequada. Sim, cento e oito mil quilômetros por hora. Mas e se estivermos falando "di a pé"?

Qual é a velocidade que um ser humano normal consegue atingir? Não falo de super-atletas, recordistas, ou coisa assim, falo de "gentem como a gentem" mesmo.

É claro que se você "der um google" vai descobrir rapidinho a resposta, mas, na minha opinião, é muito mais legal se você mesmo puder construir uma experiência simples que te leve a um resultado razoável.

Essa é sempre uma das minhas primeiras aulas quando o assunto é a cinemática (área da Física que estuda os movimentos sem se importar com os "por quês" deles ocorrerem). Os alunos curtem muito, já que sai do tradicional "um atrás do outro na sala" e eles podem por a mão na massa e os pés na quadra, por assim dizer.

Para dar ou ter essa aula, é importante que a escola tenha um espaço relativamente amplo, como uma quadra, um campinho, ou um pátio. Eu costumo marcar uma trajetória reta de 25 m (que você pode medir com uma trena qualquer) e pedir para os alunos primeiro andar, depois correr e marcar o tempo com um cronômetro.

Pronto! O resto serão cálculos, reflexões e questionamentos que o professor pode direcionar a fim de fazer os alunos entenderem, por exemplo, a diferença entre velocidade média e instantânea e coisas assim.

Ficou curioso com resultado? Tá bom. Caminhando a pé, nossos resultados costumam ficar na casa dos 4,5 ou 5,0 km/h. Já na correria, a molecada chega perto de uns 18,0 ou 19,0 km/h.

Quando o assunto é aprender, viver é preciso!

Viva a Física!

Beijo

Fred

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Se você não consegue explicar algo de forma simples...

As aulas começaram. As férias acabaram. E lá vamos nós pra escola.

Difícil entrar no "fuso escolar". Parece que agora todo dia você acorda com mais sono do que quando foi dormir. Daqui a pouco a gente se acostuma.

Saudades dos meus queridos-antigos-alunos. Expectativa em conhecer os futuros-queridos-alunos-novos.

Professor é um cara acostumado a fazer planos. Todo início de ano nos reunimos para os planejamentos. É quando pensamos nas estratégias e nos caminhos que tomaremos ao longo do ano letivo. Um dos lados bons da profissão é que cada início de ano é uma nova oportunidade de se renovar e fazer tudo diferente se for necessário. Um ano letivo que se inicia traz desafios que você pode nem fazer ideia que existiam.

"Física?! É muito difícil!". Essa frase traduz um dos desafios que temos certeza que existe. O preconceito em relação à nossa tão amada disciplina é grande. Como acabar com ele? Simplesmente não dá. Mas dá pra minimizar. Como?

Esse ano comecei dizendo que nossa sociedade vem nos roubando muito do "saber pensar". É tudo muito pronto; um dos lados negativo da internet. "Tudo" ao alcance de um click? Não é bem assim. As informações podem até estar aí, mas as ideias não. Elas devem ser construídas, e pra isso é preciso saber pensar. Sou desses que acredita que a criatividade é algo que se aprende. Acredito também que o estudo da Física pode ajudar muito alguém a ser criativo.

O mundo real não é apostilado. As aulas não podem se limitar a fórmulas prontas e raciocínios finalizados. Pode estar aí um dos problemas da aprendizagem atual. É preciso saber usar as apostilas a nosso favor. Elas não devem e não podem ser o único meio de comunicação entre o conhecimento e os alunos. Tudo pode ser material didático: um balde, um rio, uma árvore, uma mola, uma pilha, uma flauta, um violão, um fusca®... O mundo é um laboratório! Cabe ao professor saber fazer com que as coisas sejam mais completas, mais profundas, mais ousadas, mais divertidas, mais criativas, mais reflexivas, mais simples. Ah, como as coisas precisam ser mais simples! Einstein já dizia que se você não consegue explicar um conceito de maneira simples, é porque você ainda não o entendeu muito bem.
Tecnologia pode fazer bem? Claro. Porém, é preciso moderação. Uma lousa digital, um computador na sala, um tablet nas mãos dos jovens... tudo joia! Mas costumo dizer que uma aula pode ser muito moderna e envolvente apenas com lousa e giz. A modernidade está em não cometer os mesmos erros de antigamente. Substituir os livros e cadernos por tablets não é garantia de sucesso no mundo escolar. 

Vestibular? Todos queremos bons resultados, mas ele deve ser visto como uma consequência de um bom trabalho desenvolvido por alunos, professores, família, escola. Não pode ser o único fim. Seria muito pouco.

Os estudantes precisam ser estimulados a pensar cada vez mais e melhor. E também precisam se divertir aprendendo. Sempre não dá, é claro, mas precisamos garantir um nível mínimo de felicidade para que nossos alunos se desenvolvam. Aulas práticas, materiais inusitados, propostas de debates, convites à reflexão, vivências, atividades lúdicas... já!

E viva a boa Educação!

Feliz volta às aulas!

Beijo

Prof. Fred Zenorini