terça-feira, 27 de setembro de 2011

A Física em prol da emancipação feminina

"Sou uma frágil donzela, fraquinha, indefesa e o pneu furou! E agora!?"
Se não fosse a Física ela estaria perdida...

Seus problemas acabaram: deixe com a Física!

Tirar o parafuso de uma roda de carro nem sempre é uma tarefa fácil. Eles precisam estar bem apertados para as rodas não escaparem, questão de segurança, sabe como é...

As ferramentas criadas pelo homem com a ajuda da Física são várias. As mais antigas chamamos de "máquinas simples", que oferecem vantagem mecânica (ou seja, facilitam a sua vida quando você tem que colocar alguma coisa em movimento) sem necessariamente um aparato "eletro-térmico-magnético" muito complicado. Quer exemplos? Polias, roldanas, fios, cordas, mancais, moinhos, alavancas... ah, as alavancas...

Quando você precisa fornecer rotação ou torcer alguma coisa (o caso do parafuso da roda é um belo exemplo) é preciso considerar não só a força a ser exercida, mas o que a Física chama de "braço da força", ou a distância entre o força a ser feita e o ponto fixo em torno do qual a coisa irá girar. Entra em cena nessa hora a grandeza momento (ou torque) de uma força, que mede a capacidade dessa força causar um giro, que depende do tal "braço da força".

Simples assim: Momento = Força x braço (no sistema internacional: M = N x m; F = N; braço = m)

Voltando à donzela... Não tem força suficiente para causar o momento necessário para girar o parafuso? Não dá pra aumentar a força no braço? Aumente o braço da força! Carregue consigo um extensor da sua chave de roda e se livre de uma vez da dependência em relação aos homens!
Repare no braço da força maior

Vitória, Bruninha!

Mulherada, em nome da Física, emancipem-se!

Beijo


terça-feira, 20 de setembro de 2011

Esportes, transportes e leis de Newton

Penso que uma forma bastante interessante de fazer meus alunos se interessarem em aprender mais é propor seminários. Nada muito complicado, basta levantar informações sobre o tema, preparar uma apresentação interessante, seja na forma de slides, ou vídeo, relacionar com o que estamos estudando e compartilhar com os colegas o aprendizado.

Recentemente teve um tema que empolgou bastante os alunos: as relações existentes entre alguns esportes olímpicos (que cada grupo pôde escolher) e determinados meios de transporte (de carrinhos de bebê a foguetes espaciais) com as famosas leis da Mecânica (de Newton).

Atividades como essa acabam servindo para que os alunos trabalhem diversas habilidades e competências, como a de trabalhar em equipe; estabelecer relações entre os conteúdos estudados e a vida real; comunicação oral e escrita; além de poderem falar sobre temas que eles costumam gostar bastante e já ter certa proximidade, como o futebol, o basquete, carros, motos etc.

Alunos que costumam passar boa parte do tempo das aulas expositivas inquietos, costumam surpreender bastante no momento de realizar uma apresentação como essa. Um desses meus alunos, por exemplo, aproveitou que o avô e o tio são velejadores, entrevistou os caras pra levantar informações para o trabalho, construiu uma maquete de um barco à vela e até levou um ventilador para demonstrar como a coisa toda funcionava.
O barquinho, o ventilador e o autor da façanha, o Pedro, à direita
São situações como essas que tornam o árduo trabalho do professor uma tarefa muito gratificante.

É isso.

Beijo


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

"Fulano nasceu virado pra Lua..."

Eis que a Física também pode explicar os ditos populares.

Numa dessas aulas, em algum lugar do espaço-tempo, estava eu conversando com os alunos sobre gravidade e gravidez... Estranho, né? Na verdade, não falávamos sobre gravidez, mas sim sobre a influência que a Lua exerce sobre os mais diversos fenômenos na Terra, das marés aos partos. Sim, os partos!

A gravidade está em tudo... tudo que tem massa

Parece meio meta-físico o fato da Lua influenciar no nascimento das pessoas, mas durante a resolução de uma questão, chegamos a interessantes conclusões.

O campo gravitacional dos corpos se deve à suas massas. Quanto mais distante do corpo, menos intenso o campo gravitacional que, na verdade, nunca se anula, mas tende a zero quando a distância do ponto ao corpo que origina o campo tende ao infinito. Enfim...

O campo gravitacional na superfície da Lua é cerca de 1/6 do campo gravitacional na superfície da Terra. Fato. A distância da Lua até a Terra é de cerca de 380.000 quilômetros, o que dá, aproximadamente, 200 raios lunares. Isso significa que a gravidade da Lua, na superfície terrestre, é 40.000 vezes menor do que a gravidade da Lua na superfície da Lua, segundo a Lei da Gravitação Universal de Newton.



Imagine um bebê entre a Lua e a Terra
Se a gente imaginar que um bebê nasce na superfície terrestre, ele nasce influenciado pela interação gravitacional entre ele a Terra. Sim, a Terra puxa o bebê. Se o bebê estiver "virado pra Lua", a Lua vai puxar o bebê, com sua gravidade. Como eu já disse, a gravidade da Lua na superfície da Terra é bem menor, mas não dá pra negar que ela dá uma forcinha pro nascimento da criança!
Este bebê foi tão atraído que grudou na Lua
É isso.

Beijo

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

"Vou ter que ir pro mar?!"

Em algum lugar do espaço-tempo, perto dali, um professor propõe aos seus alunos uma experiência envolvendo os conceitos de densidade, massa específica, pressão hidrostática e empuxo. Os alunos deveriam realizar a experiência em casa e produzir um pequeno relatório descrevendo o processo, suas observações e conclusões. Eis a lista de materiais necessários:

Ovo
Água muito salgada
Cubo de gelo
Água com corante (tipo pó pra refresco)
Óleo

Uma das alunas, após ler a lista de materiais, diz indignada (e séria):

"Meu... onde vou arranjar água salgada?! Vou ter que ir pro mar?!"
Será que ela já realizou a experiência? (retirado do blog "confesso que...")

Pois é... coisas que só um professor de Física pode ouvir.

Tá, o professor era eu, mas o nome da aluna vou manter em segredo. Quem aí não conhece alguém capaz de dizer uma coisa dessas?

Sofre, professorrrrr!

Beijo



segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Gravidade Zero (Conrado e Aleksandro) - meta-física, meta-poesia, meta-música...

Um dos significados do prefixo grego "meta": mudança. Será essa a proposta da dupla Conrado e Aleksandro? Mudanças na Física, na Música e na Poesia concreta-abstrata-neo-expressionante?!

Na procura por algum material na "internê" que pudesse trazer alguma graça às minhas aulas de Lei da Gravitação Universal, deparei-me, absolutamente sem querer, com esta pérola recente da Música Popular Sertaneja Universitária de DP. É isso mesmo, de DP, porque escrevendo uma letra dessas, que farei questão de analisar, só tomando pau em Física, bixo.

O clipe começa bem, com as cenas do "home" pisando na Lua e você pensa: "que massa, sertanejos que sabem Física!". Calma, isso é só o começo. Vamos ao refrão:

"Eu me sinto na gravidade zero
te espero, te quero todo dia
fada amada me leva pro seu mundo
profundo da sua alegria"

Deus, por que colocar a pobre gravidade nesses versos?! Coloque qualquer coisa no lugar da "gravidade zero" e veja como pode ficar bom:

eu me sinto na cova do cemitério
eu me sinto como se fosse o deutério 
eu me sinto na casa do seu Rogério

...e por aí vai.

E esse papo de gravidade zero? Isso existe mesmo? Não, não, não! Segundo seu Zé Newton, o que rola é a atração entre as massas. Quanto maiores as massas, maior a atração mútua entre elas, na razão inversa de sua distância ao quadrado. Ou seja, quanto mais longe, menos atração. Se você for pra bem longe da Terra, não vai ficar na tal "gravidade zero", pois ela pode ficar menor, mas não desaparecer. Isso sem contar que você, dependendo de onde estiver, vai sofrer a influência do campo gravitacional de outros corpos, como a Lua, Marte, Vênus, um côco, sei lá...

O que faz a gente pensar na gravidade zero é um lance que a Física chama de imponderabilidade. É simples: se você está dentro de uma coisa, como um elevador, um avião, uma nave, uma sonda, ou uma casa, que cai na Terra, você e a coisa (a nave, por exemplo) caem da mesma forma, logo, não é possível sentir o seu próprio peso. Essa é a sensação de "gravidade zero" que se tem dentro de uma estação espacial que está em órbita em torno da Terra, pois os astronautas e a nave estarão sujeitos à força gravitacional da Terra que faz papel de centrípeta e os faz ter uma órbita circular. Voltemos à canção...

No primeiro verso depois do refrão inicial:

"Eu já estava chorandinho de amar
Quem quer distribuir paixão na rua..."

Tente digitar chorandinho em algum texto. Nem o Word aceita! Eis a forma verbal que deve ter sido criada em Minas:  "gerúndio diminutivo". Outros exemplos que você pode usar de vez em quando: digitandinho, escrevendinho, rindinho, correndinho, comendinho... Ah, e o que isso tem a ver com quem quer distribuir paixão pela rua?

Logo a seguir:

"No seu céu flutuei
Abalou minha estrutura"

Amigo, ou você flutua, ou a sua estrutura é abalada. As duas coisas ao mesmo tempo não dá!

O pré-refrão foi muito pra mim. Confesso que não consegui entender o que é um "amor fino semi-literal". Veja você mesmo:

"Amor fino semi-literal contra a força gravitacional
E a gente contempla o céu debaixo do chapéu"

Por que não mudar o sentido do seu "amor fino e semi-literal(?!)" e colocar a favor da força gravitacional? Dá mais jogo. Pra baixo todo santo e a gravidade ajudam! Falando na força gravitacional, olha ela aí:

Também é preciso tomar cuidado ao "contemplar o céu debaixo do chapéu", afinal, ele é um corpo opaco e não vai deixar vocês contemplarem nada, pois a luz não vai atravessá-lo...

Pra finalizar:

"Acordar sem saber me despertar
Fada, Lua, minha estrela cadente"

Essa é uma prova de que essa mulher deve ser mesmo "de outro mundo". Um mundo onde as fadas e as estrelas cadentes existem. O que você viu, caro Aleksandro, enquanto se inspirava para escrever esta bela canção, na melhor das hipóteses era um meteoro incandescente caindo na Terra e em atrito com os nossos gases atmosféricos, daí a luz que acabam emitindo. E a Lua? Pobre Lua...

Você viu quanta Física se pode discutir ouvindo a sua música preferida? Valeu Conrado! Valeu Aleksandro!

Pense nisso!

Beijo